sexta-feira, dezembro 22, 2006
Eddie Vedder - Long Road - Tribute To Heroes 2001
Mais uma grande malha, desta vez adequada à época.
Mais uma grande malha, desta vez adequada à época.
Injúrias à Autoridade Pública!
quinta-feira, novembro 23, 2006
Esta jóia da jurisprudência não poderia passar despercebida!
1. A gravidade da ofensa ou do perigo de ofensa não é elemento constitutivo dos crimes de difamação e de injúrias.
2. Os termos, palavras ou expressões tornam-se injuriosas, ou ofensivas do bom nome e consideração alheias, não pelo significado constante de qualquer dicionário, mas pela conotação que lhes é dada pelo povo.
3. Chamar “cromos” soldados da GNR no exercício das suas funções, embora não possa ser considerada uma injúria muito gravosa, não deixa de ser injúria.
Para os mais curiosos, aqui deixo o link para o Ac. da Rel. de Coimbra
1. A gravidade da ofensa ou do perigo de ofensa não é elemento constitutivo dos crimes de difamação e de injúrias.
2. Os termos, palavras ou expressões tornam-se injuriosas, ou ofensivas do bom nome e consideração alheias, não pelo significado constante de qualquer dicionário, mas pela conotação que lhes é dada pelo povo.
3. Chamar “cromos” soldados da GNR no exercício das suas funções, embora não possa ser considerada uma injúria muito gravosa, não deixa de ser injúria.
Para os mais curiosos, aqui deixo o link para o Ac. da Rel. de Coimbra
Desculpem o incómodo, mas...
quarta-feira, novembro 22, 2006
Importam-se de repetir uma noite destas?
REMINISCÊNCIA TEOLÓGICA
“Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido – sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente, e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado. Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles, nem aceitei nunca a Humanidade. Considerei que Deus, sendo improvável, poderia ser, podendo pois dever ser adorado; mas que a Humanidade, sendo uma mera ideia biológica, e não- significando mais que a espécie animal humana, não era mais digna de adoração do que qualquer outra espécie animal. Este culto da Humanidade, com seus ritos de Liberdade e Igualdade, pareceu-me sempre uma revivescência dos cultos antigos, em que animais eram como deuses, ou os deuses tinham cabeças de animais.
Assim, não sabendo crer em Deus, e não podendo crer numa soma de animais, fiquei, como outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comummente se chama a Decadência. A Decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia."
Fernando Pessoa in "O Livro do desassossego"
En passant...
sexta-feira, outubro 13, 2006
"Pronto, confesso: não gostei. Apesar de tudo o que fazemos diariamente um pelo outro, apesar de termos virado o mundo ao contrário apenas com o poder das nossas mãos, dizes-me que é insuficiente e que aquilo que nos une será, eventualmente, "apenas" uma grande amizade. Não gostei e sofri. As paredes da nossa casa ruiram por momentos e senti-me só, abandonado e triste. Abriste-me os olhos para uma realidade que me era desconhecida e, num breve esgar, banalizaste tudo o que é nosso e que tão diferente parecia dos outros. Para mim és muito mais do que uma amiga, para mim és "apenas" aquilo que me faz mover. E assim, acordado neste pesadelo, ambiciono voltar a sonhar, como dantes".
in «Cartas de um Anónimo a uma Desconhecida», Assírio e Alvim, 2006.
Sisters of Mercy!
quarta-feira, setembro 06, 2006
Marco Materazzi desvendou, finalmente, o conteúdo da frase que dirigiu a Zinedine Zidane em Berlim, e que motivou a expulsão do francês após este ter ripostado com uma cabeçada em Materazzi.O defesa central italiano, explicou que mencionou o nome da irmã de Zidane:"Estava a puxar-lhe a camisola e ele [Zidane] disse-me: se quiseres a minha camisola, dou-ta depois. Ao que respondi que preferia a sua irmã. Não é uma coisa simpática para se dizer, reconheço. Mas há muitos jogadores que dizem coisas piores", afirmou Materazzi.
Ao mesmo tempo, em Portugal, era interceptada uma conversa telefónica entre um conhecido árbitro da nossa praça e um famoso major: "Bem, da próxima você porta-se melhor, senão puxo-lhe as orelhas [Major]”. Ao que o árbito respondeu, “isso não é simpático, preferia que me depositasse umas alvíssaras na conta bancária da minha irmã”!
Déjà vu?
Déjà vu?
Férias ou Purgatório de Verão?
segunda-feira, agosto 28, 2006
Após longa ausência sem dizer disparates e asneiras, pelo menos publicadas, e de forma tão directa e explícita, apetece-me filosofar sobre a minha visão do pesadelo de Verão.
É indiscutível, do meu ponto de vista machista e pouco liberal, que o período de férias é algo de fantástico em termos de desabrochar da natureza; todos os casacos, sobretudos e calças desaparecem, dando lugar à mini-saia, biquinis e demais e variadas formas de expressão corporal, que nos fazem arregalar tanto os olhos, com o consequente desenvolvimento das mucosas bocais, e activação de elementos orgânicos que nos fazem sentir ainda mais vivos do que no resto do ano!
Infelizmente, a sabedoria popular é sempre soberana e, de facto, não existe bela sem senão...vejamos:
A viagem em direcção às praias e zonas de recreio é uma aventura, cuja probabilidade de acabar em tragédia é muito superior em relação ao resto do ano, tal como demonstram as estatísticas de acidentes de viação (pese embora o facto de estarem a diminuir os números da tragédia, ciclo que se espera que continue).
Após esta parte da aventura, partindo do pressuposto que terá corrido da melhor forma e depois de desembolsados alguns parcos valores, contabilizando os combustíveis e portagens, chegamos ao destino onde ficaremos a fingir que estaremos a utilizar a habitação (seja de tijolos ou de pano/poliyster), o que se torna um puro engano, pois bem contabilizado o tempo lá passado, este revela-se diminuto em relação ao período total de férias.
Eis que decidimos ir fazer umas compritas, de forma a adquirir o básico para as necessidades diárias, estilo garrafões de água, cerveja, pão, leite, cerveja, mais cerveja, vinho, cerveja, fruta e por fim algo para refrescar....cerveja. Após passarmos por algum trânsito, julgamos nós de pessoas em direcção à praia, eis que começamos a sentir que ficámos em Lisboa, pois há mais gente no supermercado do que no Alvalade XXI, (o que também não é difícil, refira-se) e demoramos uma hora a comprar aqueles poucas coisitas, pois se comprassemos algo mais, quando saíssemos poderíamos apreciar o pôr do Sol.
Depois de pormos as coisas no seu devido lugar, ou seja, a cerveja no frigorífico e congelador a refrescarem, pois o resto não interessa, decidimos ir à praia.....e eis que o Purgatório se adensa, à medida que nos vamos aproximando do cheiro a maresia....carros parados, buzinadelas, "fuçanga" para arranjar um lugar para estacionar, a 600 metros da praia, enfim.....mais parece uma ida normal para o emprego.
Chegados à praia, o calor aperta, mas também nós temos de apertar a cintura e encolher as toalhas, pois essa torna-se a única forma de estarmos na praia a gozar férias....à saída da praia o trânsito faz-me lembrar a rotunda do Marquês, com a saída para a A5, com 1 aroma a IC 19, polvilhado com 2ª Circular, mas sem o acompanhamento, neste caso as já famigeradas e famosas obras de St.ª Engrácia (tadinha da Santinha..).
Depois da banhoca e do refresco, julgamos que poderá ser boa ideia ir jantar fora, mas percebemos que ficar 40 min (se tivermos sorte!) à espera de uma mesa, comer comida mal confecionada, mesmo quando é grelhada e ser-se mal atendido por sermos tugas, é o cúmulo...arrependemo-nos de não ter ficado à espera do pôr do Sol no supermercado, mas onde tínhamos comprado comida.
Com fome, mas bem refrescados, pensamos em ir para um bar/discoteca, onde possamos ter alguma sorte e passar a noite e o fim da noite com uma mangueirada na patareca (expressão da autoria dos elementos do Gato Fedorento, utilizada no 13º episódio da série na RTP), mas eis que somos surpreendidos, com as festas da mangueira, nas quais há muitos bombeiros esfaimados e fartos da secura, e onde mulheres interessantes e bonitas, que se afastem do conceito de ruminantes é coisa tão frequente, como lagos no deserto.
Então porque raio é que lhe chamam Férias?? Tal só se pode fundar no conceito técnico-jurídico, existente no Código de Trabalho (art.º 211º e segs., para quem tiver interesse), porque estar stressado a conduzir, a fazer compras, a arranjar lugar para estacionar e na própria praia, ser mal atendido e esbulhado nos restaurantes (onde pára a ASAE nas férias?), bares e discotecas, mais frequentadas do que em qualquer cidade, não é, propriamente, o meu conceito de férias, que comporta descanso, isenção absoluta de horários e relax puro....razão pela qual férias em Agosto, só quando casado e pai de filhos...até lá...o purgatório, caso aderirem a este plano de férias que vos expus, é da vossa inteira responsabilidade!
What's the meaning of life?
sexta-feira, agosto 25, 2006
Recentemente deparei-me com uma filosofia fatalista, segundo a qual “O Universo sempre existiu, e sempre existirá. Não quer isto dizer que ele seja infinito, ou imutável. Ciclicamente, toda a matéria se concentra num ponto, é reciclada, purificada, homogeneizada, para depois de uma explosão ser novamente espalhada numa extensão astronómica.
A Vida, fundamentalmente, não tem sentido. É apenas o resultado de acasos e das manifold possibilidades contidas nos graus de liberdade da matéria e coisas afins (sejam antimatéria, radiação, o que lhes vier à cabeça). O Destino, a existência de Deus, todas outras formas transcendentais não podem existir neste sentido, senão enquanto fenómenos físicos e quantificáveis”.
Prefiro que me acusem de ser um utópico/romântico/lírico incurável, mas não me consigo conformar com a noção de que somos o produto de um processo misto de recauchutagem e pasteurização cósmica distribuído pelo universo em “random mode” !
“Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará”
Sophia de Mello Breyner Andresen
A Vida, fundamentalmente, não tem sentido. É apenas o resultado de acasos e das manifold possibilidades contidas nos graus de liberdade da matéria e coisas afins (sejam antimatéria, radiação, o que lhes vier à cabeça). O Destino, a existência de Deus, todas outras formas transcendentais não podem existir neste sentido, senão enquanto fenómenos físicos e quantificáveis”.
Prefiro que me acusem de ser um utópico/romântico/lírico incurável, mas não me consigo conformar com a noção de que somos o produto de um processo misto de recauchutagem e pasteurização cósmica distribuído pelo universo em “random mode” !
“Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará”
Sophia de Mello Breyner Andresen
José Cid - A Pouco e Pouco (Favas com Chouriço)
quarta-feira, agosto 23, 2006
O vídeo mais aguardado da década!
Inferno!
terça-feira, agosto 22, 2006
"É preciso sair do país para enxergar o prestígio e o tamanhão do Benfica em todo o mundo. Estive três anos em França, no Marselha, joguei num estádio fantástico, o Vélodrome, convivi com grandes jogadores como Papin e Waddle, mas o Benfica estará sempre no meu pensamento.
Os meus companheiros de equipa não percebiam muito o meu entusiasmo pelo clube, já que sabiam pouco do futebol português, embora reconhecendo o tremendo historial do Benfica.
Durante os primeiros tempos tive de aturar os comentários de Papin, logo desde o início, sempre que jogávamos em casa.
Uns dias antes de cada jogo, o Papin chegava para mim e me dizia: "Mozer, vais ver o que é um estádio cheio e um ambiente terrível." Terrível para os outros. Não sei se o Papin dizia isso para me intimidar, já que era novo no clube e não percebia muito daquela conversa. Mas para mim, sempre pensava: "Este cara precisava de jogar no Maracanã ou no estádio da Luz, cheios." Era o que eu pensava.
Até que, na taça dos campeões, nas meias-finais, o Benfica calhou no caminho do Marselha. Fiquei, ao início, desgostoso, porque ia defrontar o meu Benfica, o clube que os meus companheiros sabiam que eu adorava. Me lembro de Sauzée, o meu zagueiro do lado me ter perguntado: "Você vai estar em condições de jogar contra o Benfica?" Aí, senti que beliscavam o meu profissionalismo. Nos dois jogos joguei a duzentos por cento.
Depois do primeiro jogo, em Marselha, uns dias antes de jogarmos na Luz, virei para o Papin e lhe perguntei: " Papin, você quer mesmo ver o que é um estádio cheio, com 120 mil a gritar todos para o mesmo lado?" Engraçada a reacção do Papin: "Você, está querendo me meter medo, Mozer?" Não estava não e por isso lhe disse para esperar para ver. E já agora, tremer. Pois bem, chegou o dia, chegámos no estádio da Luz e fomos logo indo para os balneários. Muitos risos, muita convicção de que íamos jogar a final da Copa dos Campeões. Lembro até que Tapie disse aos jornalistas franceses que lhe podiam chamar de Bernardette se o Marselha perdesse a eliminatória.
Antes de subirmos ao relvado, para o aquecimento, Papin ainda troçou de mim, dizendo que estava já "tremendo de medo". E ria-se bastante.
Os jogadores foram saindo do balneário e eu atrasei um pouco, porque estava colocando uma ligadura no tornozelo. Quando cheguei perto do túnel de acesso ao estádio, começo a ver os meus companheiros, completamente assustados e todos do lado de dentro, não querendo entrar. Só depois percebi que, nessa altura o Eusébio foi chamado ao relvado para receber uma homenagem e foi aí que o estádio quase vinha abaixo. Logo no momento em que os meus companheiros do Marselha se preparavam para entrar. Claro que voltaram atrás assustados e me perguntado: "O que era aquilo?".
Aquilo respondi eu, é o INFERNO DA LUZ. Aí todos começaram a me dizer para ser eu o primeiro a avançar, subi as escadas, entrei no relvado, não fui mal recebido e quando olhei para trás, estava sozinho. Espreitando, à saída da escadaria estavam alguns dos meus companheiros do Marselha, ainda com um olhar de medo e só nessa altura começaram a entrar. No regresso às cabinas, perguntei a Papin: "Já sabes agora o que é um estádio cheio e um grande ambiente?" A resposta, nunca mais a esqueci: "Mozer, nunca vi uma coisa destas. Tudo isto é incrível. Sempre tiveste razão, o Benfica é ENORME!" Naquela noite, o Marselha perdeu, fiquei triste mas senti orgulho pelo Benfica. E já agora, naquele balneário, fui o único a ter uma vitória. Foi uma vitória moral, sobre aqueles que não acreditavam na grandeza do Benfica."
José Carlos Mozer "Pela Mística Dentro"
Os meus companheiros de equipa não percebiam muito o meu entusiasmo pelo clube, já que sabiam pouco do futebol português, embora reconhecendo o tremendo historial do Benfica.
Durante os primeiros tempos tive de aturar os comentários de Papin, logo desde o início, sempre que jogávamos em casa.
Uns dias antes de cada jogo, o Papin chegava para mim e me dizia: "Mozer, vais ver o que é um estádio cheio e um ambiente terrível." Terrível para os outros. Não sei se o Papin dizia isso para me intimidar, já que era novo no clube e não percebia muito daquela conversa. Mas para mim, sempre pensava: "Este cara precisava de jogar no Maracanã ou no estádio da Luz, cheios." Era o que eu pensava.
Até que, na taça dos campeões, nas meias-finais, o Benfica calhou no caminho do Marselha. Fiquei, ao início, desgostoso, porque ia defrontar o meu Benfica, o clube que os meus companheiros sabiam que eu adorava. Me lembro de Sauzée, o meu zagueiro do lado me ter perguntado: "Você vai estar em condições de jogar contra o Benfica?" Aí, senti que beliscavam o meu profissionalismo. Nos dois jogos joguei a duzentos por cento.
Depois do primeiro jogo, em Marselha, uns dias antes de jogarmos na Luz, virei para o Papin e lhe perguntei: " Papin, você quer mesmo ver o que é um estádio cheio, com 120 mil a gritar todos para o mesmo lado?" Engraçada a reacção do Papin: "Você, está querendo me meter medo, Mozer?" Não estava não e por isso lhe disse para esperar para ver. E já agora, tremer. Pois bem, chegou o dia, chegámos no estádio da Luz e fomos logo indo para os balneários. Muitos risos, muita convicção de que íamos jogar a final da Copa dos Campeões. Lembro até que Tapie disse aos jornalistas franceses que lhe podiam chamar de Bernardette se o Marselha perdesse a eliminatória.
Antes de subirmos ao relvado, para o aquecimento, Papin ainda troçou de mim, dizendo que estava já "tremendo de medo". E ria-se bastante.
Os jogadores foram saindo do balneário e eu atrasei um pouco, porque estava colocando uma ligadura no tornozelo. Quando cheguei perto do túnel de acesso ao estádio, começo a ver os meus companheiros, completamente assustados e todos do lado de dentro, não querendo entrar. Só depois percebi que, nessa altura o Eusébio foi chamado ao relvado para receber uma homenagem e foi aí que o estádio quase vinha abaixo. Logo no momento em que os meus companheiros do Marselha se preparavam para entrar. Claro que voltaram atrás assustados e me perguntado: "O que era aquilo?".
Aquilo respondi eu, é o INFERNO DA LUZ. Aí todos começaram a me dizer para ser eu o primeiro a avançar, subi as escadas, entrei no relvado, não fui mal recebido e quando olhei para trás, estava sozinho. Espreitando, à saída da escadaria estavam alguns dos meus companheiros do Marselha, ainda com um olhar de medo e só nessa altura começaram a entrar. No regresso às cabinas, perguntei a Papin: "Já sabes agora o que é um estádio cheio e um grande ambiente?" A resposta, nunca mais a esqueci: "Mozer, nunca vi uma coisa destas. Tudo isto é incrível. Sempre tiveste razão, o Benfica é ENORME!" Naquela noite, o Marselha perdeu, fiquei triste mas senti orgulho pelo Benfica. E já agora, naquele balneário, fui o único a ter uma vitória. Foi uma vitória moral, sobre aqueles que não acreditavam na grandeza do Benfica."
José Carlos Mozer "Pela Mística Dentro"
Adeus às Armas?
domingo, agosto 13, 2006
Tenho para mim que as guerras estão para o mundo como as doenças para os hipocondríacos: quando pensamos que o pior já passou, aparece sempre uma doença (leia-se, guerra) qualquer nova que trata de nos ocupar a mente durante mais algum tempo... E não há forma de parar este ciclo!
No entanto, a diferença substancial entre as realidades a que recorri supra é que, na grande maioria dos casos, as hipotéticas doenças dos hipocondríacos nada mais são do que meras invenções do subconsciente, em constante estado de alerta e sempre temeroso de que o último dos dias se aproxime sem avisar, que entre sem bater à porta e que se sente à beira da nossa cama enquanto dormimos...
Bem diferente é, na verdade, a realidade bélica a que nos habituámos desde o princípio dos tempos, que entra todos os dias na nossa casa e que se senta no nosso sofá, põe as pernas em cima da mesa, agarra numa cerveja com uma mão e devora amendoíns como se não houvesse amanhã - "veio mesmo para ficar!...", suspiramos.
A doença actual é, claro está, o conflito entre Israel e o Hezbollah, o qual, mais uma vez, parece resultar de uma gota de água que fez transbordar um copo que há muito que se encontra cheio...
Facto: na iminência da guerra, a urgência não é a procura de consenso, mas a hipócrita busca de um motivo. E quando ele aparece, felizes, marcham os canhões.
O problema é que a comunidade internacional - e, principalmente, os seus mais destacados intervenientes - encaram os problemas como números, como cifrões, como (des)equilibros de balanças de pagamentos e/ou como petróleo.
O massacre, a chacina e a devastação de vidas humanas tornaram-se realidades banais, às quais assistimos na televisão com a mesma tranquilidade com que nos lambuzamos com um disputado jogo de futebol ou um filme de suspense de origem paquistanesa.
No entanto, a diferença substancial entre as realidades a que recorri supra é que, na grande maioria dos casos, as hipotéticas doenças dos hipocondríacos nada mais são do que meras invenções do subconsciente, em constante estado de alerta e sempre temeroso de que o último dos dias se aproxime sem avisar, que entre sem bater à porta e que se sente à beira da nossa cama enquanto dormimos...
Bem diferente é, na verdade, a realidade bélica a que nos habituámos desde o princípio dos tempos, que entra todos os dias na nossa casa e que se senta no nosso sofá, põe as pernas em cima da mesa, agarra numa cerveja com uma mão e devora amendoíns como se não houvesse amanhã - "veio mesmo para ficar!...", suspiramos.
A doença actual é, claro está, o conflito entre Israel e o Hezbollah, o qual, mais uma vez, parece resultar de uma gota de água que fez transbordar um copo que há muito que se encontra cheio...
Facto: na iminência da guerra, a urgência não é a procura de consenso, mas a hipócrita busca de um motivo. E quando ele aparece, felizes, marcham os canhões.
O problema é que a comunidade internacional - e, principalmente, os seus mais destacados intervenientes - encaram os problemas como números, como cifrões, como (des)equilibros de balanças de pagamentos e/ou como petróleo.
O massacre, a chacina e a devastação de vidas humanas tornaram-se realidades banais, às quais assistimos na televisão com a mesma tranquilidade com que nos lambuzamos com um disputado jogo de futebol ou um filme de suspense de origem paquistanesa.
Só que, no final, ficamos sempre insatisfeitos: ou perdemos ou o actor principal morre de forma cruel.
PT E.T.!
terça-feira, agosto 08, 2006
Ele há fenómenos tão supra e paranormais, que são capazes de nos fazer arreganhar os cabelos da nuca! De facto, a casta Lusitana, é o ex-líbris na área da premonição sensorial, de tal forma, que são internacionalmente reconhecidos os resultados práticos obtidos com elevado grau de exactidão, os quais abrangem as mais variadas áreas, a saber:
Futebol: Não há resultado que o Tuga não tenha previsto na sua antevisão de café! Há até relatos de treinadores de bancada que conseguem antever, com estonteante grau de precisão, o minuto da expulsão do Ricardo Rocha;
Política: Neste campo é fácil, à excepção do Avelino Ferreira Torres, são todos maus, porcos e corruptos, e sempre que se ouve dizer que o défice aumenta lá vem o sempre inesperado "eu já sabia...mas então não se estava mesmo a ver..."
Geografia: Os lusitanos até já sabiam onde se situava o Brasil aquando da negociação do Tratado do Tordesilhas (curiosamente...Fátima Felgueiras também!)
Tempo: Qualquer português que já tenha partido um osso, torcido um pé, encravado uma unha ou tenha sofrido qualquer outra lesão com relativo grau de gravidade é capaz de suplantar, com relativa facilidade, quaisquer previsões de tempo chuvoso do Instituto de Meteorologia.
Futebol: Não há resultado que o Tuga não tenha previsto na sua antevisão de café! Há até relatos de treinadores de bancada que conseguem antever, com estonteante grau de precisão, o minuto da expulsão do Ricardo Rocha;
Política: Neste campo é fácil, à excepção do Avelino Ferreira Torres, são todos maus, porcos e corruptos, e sempre que se ouve dizer que o défice aumenta lá vem o sempre inesperado "eu já sabia...mas então não se estava mesmo a ver..."
Geografia: Os lusitanos até já sabiam onde se situava o Brasil aquando da negociação do Tratado do Tordesilhas (curiosamente...Fátima Felgueiras também!)
Tempo: Qualquer português que já tenha partido um osso, torcido um pé, encravado uma unha ou tenha sofrido qualquer outra lesão com relativo grau de gravidade é capaz de suplantar, com relativa facilidade, quaisquer previsões de tempo chuvoso do Instituto de Meteorologia.
Efectivamente, estudos recentes demonstram que do processo de miscigenação dos nossos antepassados, resultou uma mutação no genoma do homem mediu(m) português, que se traduziu na inclusão do cromossoma “Zandinga-Bambo-Caramba” em todos nós.
No fundo, “we are the special ones”, é o nosso fado!
Palavras de um génio
segunda-feira, agosto 07, 2006
Receita de Jovialidade de Pablo Picasso
"Deita fora todos os números não essenciais à tua sobrevivência. Isso inclui idade, peso e altura. Deixa o médico preocupar-se com eles. É para isso que ele é pago.
Frequenta, de preferência, amigos alegres. Os de "baixo astral" põem-te em baixo.
Continua aprendendo... Aprende mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa. Não deixes o teu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é a oficina do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer.
Aprecia coisas simples.
Ri sempre, muito e alto. Ri até perder o fôlego.
Lágrimas acontecem.
Aguenta, sofre e segue em frente.
A única pessoa que te acompanha a vida toda és tu mesmo.
Mantém-te vivo, enquanto vives!
Rodeia-te daquilo de que gostas: família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for.
O teu lar é o teu refúgio.
Aproveita a tua saúde; Se for boa, preserva-a. Se está instável, melhora-a. Se está abaixo desse nível, pede ajuda.
Não faças viagens de remorso.
Viaja para o Shopping, para a cidade vizinha, para um país estrangeiro, mas não faças viagens ao passado.
Diz a quem amas, que realmente os amas, em todas as oportunidades.
E lembra-te sempre de que: A vida não é medida pelo número de vezes que respiraste, mas pelos momentos em que perdeste o fôlego: de tanto rir... de surpresa... de êxtase... de felicidade..."
Pablo Picasso
World Press Photo 2006
segunda-feira, julho 31, 2006
Mais uma vez, deixo uma escolha pessoal e um link para uma visita obrigatória! WorldPressFoto
Apanhado a copiar
sexta-feira, junho 30, 2006
Dado que, ao que parece, se aproxima mais um exame de Agregação dessa tão grande, quanto unida, família que é a Ordem dos Advogados, aqui fica um alerta para os Advogados Estagiários que estão a pensar copiar ou utilizar meios não admitidos pelo Regulamento de formação em vigor.
Segundo o "24 horas" a imagem acima reproduzida ilustra o tratamento dado a um Advogado-Estagiário apanhado a copiar no último exame de Agregação, altura em que foi detido em flagrante delito e conduzido aos calabouços do Conselho Superior da Ordem dos Advogados.
Para os mais curiosos e preocupados com o desenlace de tal processo, saibam que não obstante o Advogado-Estagiário tenha invocado, em sua defesa, a violação do disposto nos artigos 255º e 256º do CPP, o Conselho Superior considerou que o facto de o Réu ter transcrito, no seu corpo, com tinta henna, capítulos inteiros do livro "Iniciação à Advocacia" de António Arnaut era indício suficiente da prática do ilícito disciplinar, e isto não obstante as alegações do Estagiário que insistiu, até à última instância, em afirmar que tais transcrições seriam apenas, e passo a citar, "o esboço de uma tatuagem definitiva que pretendia efectuar".
Tudo isto é triste, tudo isto é fado...
quinta-feira, maio 18, 2006
"Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político nem a experiência que faz o Estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"
Eça de Queirós in "O Distrito de Évora" - 1867
A resposta certa...
terça-feira, maio 02, 2006
Koeman, no final do jogo do Benfica do passado Domingo, frustrado por ver o seu rival de Lisboa a vencer fora de portas, afirmou: "Vi os golos do jogo entre o Rio Ave e o Sporting e foram situações cómicas. Se vão ter as coisas assim tão fáceis até ao fim vai ser mais complicado para nós, mas vamos lutar até ao fim».
Em resposta, Danielson, um jogador brasileiro do Rio Ave de duvidosa qualidade, respondeu: «O Liedson fez o que quis da defesa do Benfica no jogo da Luz e o senhor Koeman não veio dizer que os golos tinham sido ridículos ou que tinha sido facilitados. Porque não duvidou também nesse caso da honestidade dos jogadores do Benfica?»
Em resposta, Danielson, um jogador brasileiro do Rio Ave de duvidosa qualidade, respondeu: «O Liedson fez o que quis da defesa do Benfica no jogo da Luz e o senhor Koeman não veio dizer que os golos tinham sido ridículos ou que tinha sido facilitados. Porque não duvidou também nesse caso da honestidade dos jogadores do Benfica?»
Ou como um holandês leva baile de um brasileiro...
(Re)Balda(ria)!
terça-feira, abril 18, 2006
Lisboa, 18 Abril - Cinco dirigentes do PS, cinco do PSD e um dirigente do PCP, além de vários ex-governantes socialistas e social-democratas, faltaram às votações de quarta-feira passada depois de terem assinado o livro de presenças.
As notificações dos 103 deputados que faltaram às votações, que não se realizaram por falta de quórum, foram assinadas pelo secretário da mesa da Assembleia da República e deputado do PSD Fernando Santos Pereira e começaram a ser enviadas pelos serviços hoje à tarde. (fonte: Lusa)
As notificações dos 103 deputados que faltaram às votações, que não se realizaram por falta de quórum, foram assinadas pelo secretário da mesa da Assembleia da República e deputado do PSD Fernando Santos Pereira e começaram a ser enviadas pelos serviços hoje à tarde. (fonte: Lusa)
Meus caros, a resposta para este imbróglio é clara, indolor e legal (légau em BR)! Para saber mais, veja aqui!
(In)consciências
quinta-feira, abril 13, 2006
Preso a um corpo que já não é meu, agarrado a ideais que já não me são leais, assisto impávido mas pouco sereno à cruel conversão do presente em passado, dos segundos em minutos e das horas em dias...
Saio de casa e sou engolido pelo trânsito, bicho do mato que aparece (quase) sempre à mesma hora, e que tem tanto de irracional como de desesperante... a maior parte dos condutores, afectados por um transe hipnótico cujos contornos e manifestações me preocupam seriamente, vinga-se das suas frustrações pessoais e profissionais numa insensível buzina que não pára de berrar, quando, na verdade, quem grita por dentro é quem a ela recorre sem pejo.
Os minutos da manhã colam-se rapidamente uns aos outros e, então, num cumprimento cego dos ditâmes impostos pela sociedade em que vivemos, vou almoçar... não pretendo questionar se o almoço é de facto imprescindível, se não poderia ser mais cedo ou mais tarde do que o habitual...
o que revejo com preocupação é que a nossa vida, afinal, não é mais do que um conjunto de causalidades (e talvez também casualidades!), cujo todo queremos que faça mais sentido do que a mera soma das partes.
O dia corre então a um ritmo incessante... bato com o relógio na mesa para ver se pára... mas o sacana parece rolar ainda mais depressa... sinto que não sou eu que controlo o meu tempo mas que me tornei (inconscientemente) refém dele...
A noite chega solitária e as horas, subitamente, parecem encurtar... de repente tudo demora demasiado tempo (é o cinema que acaba tarde, é o teatro que é longe, é o café que já se deita...) e, insatisfeitos por mais um dia que passou, pensamos no que aí vem.
A vida corre à frente dos nossos olhos e nada fazemos para vivê-la... pelo contrário, entrámos numa espécie de linha de montagem, ainda que com uma diferença substancial: no final nunca somos uma peça nova.
Faço planos à mesma velocidade a que os desfaço, desiludo e sou desiludido todos os dias... a verdade é que sei que tudo é indiferente e despiciendo... as pessoas passam mas o mundo continua. Afinal, Sic Itur in Urbem [assim vai a vida na cidade]...
Saio de casa e sou engolido pelo trânsito, bicho do mato que aparece (quase) sempre à mesma hora, e que tem tanto de irracional como de desesperante... a maior parte dos condutores, afectados por um transe hipnótico cujos contornos e manifestações me preocupam seriamente, vinga-se das suas frustrações pessoais e profissionais numa insensível buzina que não pára de berrar, quando, na verdade, quem grita por dentro é quem a ela recorre sem pejo.
Os minutos da manhã colam-se rapidamente uns aos outros e, então, num cumprimento cego dos ditâmes impostos pela sociedade em que vivemos, vou almoçar... não pretendo questionar se o almoço é de facto imprescindível, se não poderia ser mais cedo ou mais tarde do que o habitual...
o que revejo com preocupação é que a nossa vida, afinal, não é mais do que um conjunto de causalidades (e talvez também casualidades!), cujo todo queremos que faça mais sentido do que a mera soma das partes.
O dia corre então a um ritmo incessante... bato com o relógio na mesa para ver se pára... mas o sacana parece rolar ainda mais depressa... sinto que não sou eu que controlo o meu tempo mas que me tornei (inconscientemente) refém dele...
A noite chega solitária e as horas, subitamente, parecem encurtar... de repente tudo demora demasiado tempo (é o cinema que acaba tarde, é o teatro que é longe, é o café que já se deita...) e, insatisfeitos por mais um dia que passou, pensamos no que aí vem.
A vida corre à frente dos nossos olhos e nada fazemos para vivê-la... pelo contrário, entrámos numa espécie de linha de montagem, ainda que com uma diferença substancial: no final nunca somos uma peça nova.
Faço planos à mesma velocidade a que os desfaço, desiludo e sou desiludido todos os dias... a verdade é que sei que tudo é indiferente e despiciendo... as pessoas passam mas o mundo continua. Afinal, Sic Itur in Urbem [assim vai a vida na cidade]...
Exortação às Águias Parte II
quarta-feira, abril 05, 2006
News flash: O craque brasileiro de futebol Ronaldinho Gaúcho, acaba de ser detido preventivamente e enfrenta uma acusação que pode ir até um máximo 7 anos de prisão. Em declarações ao repórter Quim Justiça, o advogado do jogador recusou-se a prestar declarações, alegando que o processo se encontra em segredo de justiça. Todavia, 1 bifana, 2 sandes de coirato e 4 canecos depois, o advogado do jogador alegou que o jogador foi detido por suspeita de pertencer a uma rede de distribuição ilegal de música.
Fonte do Ministério Público divulgou que o arguido foi detido em flagrante delito, enquanto assobiava o tema “Rosinha Lavadeira” do cantor Roberto Leal. John Kennedy, director-geral da FIID, afirmou hoje, em comunicado, "Está na altura de assobiadores como o Ronaldinho mudarem de atitude, instalarem os filtros, tornarem-se legais ou então darem lugar a quem queira montar uma actividade musical legal"!
Fonte do Ministério Público divulgou que o arguido foi detido em flagrante delito, enquanto assobiava o tema “Rosinha Lavadeira” do cantor Roberto Leal. John Kennedy, director-geral da FIID, afirmou hoje, em comunicado, "Está na altura de assobiadores como o Ronaldinho mudarem de atitude, instalarem os filtros, tornarem-se legais ou então darem lugar a quem queira montar uma actividade musical legal"!
A grandeza de uma nação
sexta-feira, março 31, 2006
" A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser julgados pelo modo como os seus animais são tratados"
Mahatma Ghandi
Vejam esta notícia e pensem nisso.
A "Meia Dúzia"
quarta-feira, março 29, 2006
Ainda a propósito do jogo de ontem não queria deixar de partilhar uma conversa que tive, há minutos, com o meu pai que, como sabem, é um fervoroso adepto do Benfica, daqueles que é capaz de ir ao Parque dos Príncipes, propositadamente, ver a final da taça amizade e vir de lá com a alegria de quem acaba de ganhar a quinta liga dos campeões consecutiva.
E antes de mais, devo dizer que reconheço autoridade futebolística ao meu progenitor na medida em que, desde que se reformou vê, em média, 10 jogos de futebol por dia em 8 canais distintos.
Ouvindo as queixas da minha mãe, pensei que tal não era possível mas comecei a acreditar, seriamente, depois de perceber que ele conhecia a toda a equipa do Zamalek do campeonato egípcio, de trás para a frente e de frente para trás, ao ponto de pôr em causa as escolhas do grande Manuel Cajuda.
Mas mais, foi também ele que me ensinou que existe, na liga japonesa, uma equipa que tem nome de marisco, a saber, o "Gamba Osaka" e que os gajos têm um avançado muito rápido que seria uma excelente aquisição para o glorioso.
Desde aí rendi-me à sua sabedoria.
Mas voltando ao tema, perguntei-lhe, há minutos, o que é achou do jogo de ontem e sabem qual foi a resposta?
Num tom meio chateado, conformado e triste, e naquela pronúncia alentejana que me faz sentir em casa, expressou um:
"Filho, lá, levamos meia dúzia".
E mais não digo.
E antes de mais, devo dizer que reconheço autoridade futebolística ao meu progenitor na medida em que, desde que se reformou vê, em média, 10 jogos de futebol por dia em 8 canais distintos.
Ouvindo as queixas da minha mãe, pensei que tal não era possível mas comecei a acreditar, seriamente, depois de perceber que ele conhecia a toda a equipa do Zamalek do campeonato egípcio, de trás para a frente e de frente para trás, ao ponto de pôr em causa as escolhas do grande Manuel Cajuda.
Mas mais, foi também ele que me ensinou que existe, na liga japonesa, uma equipa que tem nome de marisco, a saber, o "Gamba Osaka" e que os gajos têm um avançado muito rápido que seria uma excelente aquisição para o glorioso.
Desde aí rendi-me à sua sabedoria.
Mas voltando ao tema, perguntei-lhe, há minutos, o que é achou do jogo de ontem e sabem qual foi a resposta?
Num tom meio chateado, conformado e triste, e naquela pronúncia alentejana que me faz sentir em casa, expressou um:
"Filho, lá, levamos meia dúzia".
E mais não digo.
Exortação às Águias!
terça-feira, março 28, 2006
News flash: Após repasto num conhecido restaurante da margem sul, dez jogadores da equipa do Barcelona, incluindo a estrela da companhia Ronaldinho Gaúcho, deram entrada nas urgências do Hospital de Santa Maria.
Fonte oficial do restaurante “o Barbas” sito na Costa da Caparica, rejeita qualquer responsabilidade pelas acusações de intoxicação alimentar e alega que os jogadores do Barca apenas comeram “fruta da época”!
Fonte oficial do restaurante “o Barbas” sito na Costa da Caparica, rejeita qualquer responsabilidade pelas acusações de intoxicação alimentar e alega que os jogadores do Barca apenas comeram “fruta da época”!
O Original
segunda-feira, março 27, 2006
Os romanos traduziram o zoon politikon de Aristóteles pela expressão animal sociale. Nesta sequência, São Tomás de Aquino na Summa diz que o homem é naturalmente um animal social (homo naturaliter est animal sociale).
Para Bernard Lonergan, o homem, como ser concreto, é material e espiritual! É material devido aos seus elementos físicos, químicos, orgânicos, e sensíveis. É espiritual pelos seus elementos intelectuais. E o homem não é apenas uma assemblagem destes elementos conjugados... é uma unidade, e essa unidade tem um fundo metafísico.
Em segundo lugar, o homem é um animal social que nasce no seio de uma família até formar outra. Imita e aprende com os outros e os seus planos práticos requerem a colaboração dos outros. Desenvolve-se mediante o que chama "formas conjugadas", a saber, os eventos de reconhecimento, consenso e acção que emergem dos imperativos de atenção, sensibilidade, racionalidade, e responsabilidade.
Em rigor, há uma necessidade intrínseca do homem, enquanto bicho social, de viver em comunidade e de sentir inserido numa estrutura hierárquica organizacional, de tal forma, que a única sanção aplicável a um recluso, é o isolamento! De facto, a única atrocidade superior a conviver com a nata dos homicidas e molestadores, é a solidão! É a confrontação com a inelutável realidade de que não conseguimos estar sós!
Actualmente, o desígnio de inserção do homem, assume a sua plenitude quando este se passeia calmamente pelas fileiras de um qualquer shopping, ostentado orgulhosamente a sua vulgaridade e passando revista aos demais transeuntes! O recurso à futilidade é incentivado, sendo gerador de uma confortável sensação de segurança inter pares! Mas se é verdade que o homem se imita ciclicamente a si próprio... parece-me que apenas a originalidade e a singularidade poderão proporcionar uma verdadeira e real evolução...
Em segundo lugar, o homem é um animal social que nasce no seio de uma família até formar outra. Imita e aprende com os outros e os seus planos práticos requerem a colaboração dos outros. Desenvolve-se mediante o que chama "formas conjugadas", a saber, os eventos de reconhecimento, consenso e acção que emergem dos imperativos de atenção, sensibilidade, racionalidade, e responsabilidade.
Em rigor, há uma necessidade intrínseca do homem, enquanto bicho social, de viver em comunidade e de sentir inserido numa estrutura hierárquica organizacional, de tal forma, que a única sanção aplicável a um recluso, é o isolamento! De facto, a única atrocidade superior a conviver com a nata dos homicidas e molestadores, é a solidão! É a confrontação com a inelutável realidade de que não conseguimos estar sós!
Actualmente, o desígnio de inserção do homem, assume a sua plenitude quando este se passeia calmamente pelas fileiras de um qualquer shopping, ostentado orgulhosamente a sua vulgaridade e passando revista aos demais transeuntes! O recurso à futilidade é incentivado, sendo gerador de uma confortável sensação de segurança inter pares! Mas se é verdade que o homem se imita ciclicamente a si próprio... parece-me que apenas a originalidade e a singularidade poderão proporcionar uma verdadeira e real evolução...
Porto 1 - Sporting 1 (5-4 g.p.)
quinta-feira, março 23, 2006
"O inevitável prolongamento foi electrizante, designadamente nos minutos finais. Na 1.ª parte, faltou ao Sporting aquilo que nunca conseguiu fazer em todo o jogo: o último passe para concluir a jogada. Num golpe de três-contra-dois, Nani fez um passe muito murcho para Deivid e perdeu-se a ocasião de rematar. Na 2.ª. tudo se precipitou ao minuto 109'. Cech deu o brinde a Nani que fez o centro perfeito para Liedson marcar. A decisão parecia arrumada ali. Mas não. Uma cuspidela de Meireles em Deivid originou tal sururu com Olegário incapaz, também, ele, de manter a calma. Expulsou Caneira e o FCPorto apostou tudo no chuveirinho".
in Record, 23-03-06
Mais uma vergonha...
Subsídios para a compreensão do instituto do casamento – Parte I.
Dado que uma percentagem bastante elevada de amigos meus em idade nubente decidiu assinar esse contrato vitalício e irrevogável que é o casamento, resolvi escrever algumas palavras sobre o dito instituto. No presente texto, optei por fazer uma mera introdução ao tema, sendo que, como aviso prévio, deixo claro que não me comprometo a fazer uma parte II, pelo que a publicação deste texto é, assim, insusceptível de criar quaisquer expectativas juridicamente tuteladas.
Feitas as advertências legais, peço-vos que tomem este texto, como um trabalho de carácter jus-científico mas que ultrapassa esse âmbito, pretendendo imiscuir-se no domínio da dogmática metodonomologica do discurso racional. Significa isto, apenas e tão só, que este texto deve ser visto como o simples conselho do irmão mais velho que chega a casa em situação de quase coma alcoólico e vos diz: “nunca bebas cerveja porque está muito cara e para ficares bêbado tens de beber muitas, bebe antes daquela bebida com o bicho lá dentro.” Sábias palavras, essas, que me acompanharão para o resto dos meus dias.
A título prévio, ainda, uma advertência bibliográfica: as referências ao Direito Natural efectuadas ao longo do texto podem ser desenvolvidas em S. Tomás de Aquino, Summa Theologica, I-II, q.91, a.1-2.
Iniciemos, pois o árduo trabalho.
Começando, pois, como é da praxe, pela história, pode afirmar-se que a ciência demonstra que os grandes feitos estão destinados a homens solteiros, senão vejamos:
Acham que o Vasco da Gama ou o Pedro Álvares Cabral teriam chegado à Índia e ao Brasil, respectivamente, se fossem casados? Não, a primeira coisa que teriam ouvido quando comunicassem a ideia à esposa seria, naquele tom ameaçador meio sério meio histérico: “sem pões um pé naquele barco troco-te pelo ferreiro que, por acaso, até tem uma “espada” maior que a tua”.
É verdade meus caros, os grandes feitos estão destinados a homens solteiros. Vejam o exemplo do Herman José ou do Joaquim Monchique. Acham que os homens andariam sempre de tão bom humor se fossem casados? É óbvio que não. E não me vejam com boatos cuja credibilidade deixa muito a desejar, porque, se fosse assim, sempre podíamos dizer que o Elton John também se casou…
Mas nos dias de hoje, o casamento, ainda não o sendo, tem já uma parte interessante. Refiro-me naturalmente ao já célebre curso de preparação para o casamento, vulgo, CPC.
Basicamente isto é um sítio onde a noiva obriga o noivo a ir, pois é “conditio sine qua non”, para que a união seja abençoada por Deus, e curioso é verificar que, já aqui, começam as divergência entre os ainda noivos: ele, quase sempre, reconhece mais autoridade ao Notário, ela, julga que o sacerdote os pode ajudar, como se ele tivesse qualquer experiência em matéria de casamento, enfim… .
Porém e dado que o casório é uma festa em que é a noiva quem tem o papel principal, o homem acaba por ceder.
Mas este processo de cedência do noivo à noiva, não se fica por aqui, durante esta fase encantada, também conhecida como antenupcial, o rapaz, cede a todos os desejos da moça. Os dois juntos, bem abraçadinhos, vão comprar o recheio da casa, copos, pratos e essas coisas todas que, uns anos mais tarde, aquando do divórcio vão ter que dividir mas que acabam sempre por ficar com a mulher porque o que ele quer é desaparecer e quanto mais rápido melhor.
Também aqui, embora seja, na teoria um processo de escolha a dois, ele é, na prática, uma decisão unilateral e irrecorrível, sublinho irrecorrível, da moça: se ela acha graça a uns copos dignos de constarem num estábulo, o rapaz não pode, sequer, atrever-se a colocar em causa a sua beleza, só para não ter de ver aquela cara de reprovação para o resto da vida cada vez que tiver sede. Mas o problema, mesmo, é se ela, numa falsa tentativa de dar um carácter democrático à coisa, lhe pergunta a opinião. Aqui o rapaz fica num dilema: se é sincero, nunca mais pode voltar a beber água frente à esposa, se não tiver opinião, ou disser que não se importa com essas coisas, ouvirá um reprovador: “não te interessas por nada, sou sempre eu que tenho de fazer tudo, a pressão está toda em cima de mim…” e outras expressões afins que seria tortuoso aqui elencar. Permitam-me, porém, um parêntesis, para, em defesa da raça, dizer que tal expressão é um acto de puro amor, digno de um príncipe prestes a tornar-se sapo. O que o homem quer significar com tal expressão é simplesmente que todas aquelas coisas, comparadas com a sua amada, não representam nada.
Aliás, deve dizer-se que o conceito de “recheio da casa” masculino se limita (i) à mulher, (ii) a uma catrefada de putos a correr livremente pelo covil, (iii) a um bom frigorífico e (iv) a uma televisão com Sport tv.
Mas o fenómeno mais interessante ocorre mesmo, no dia do casamento, em que o rapaz, metido num fato que provavelmente não vai vestir novamente na vida - a não ser que emigre para Angola e invocando o Direito Natural case mais seis vezes – tem de aguardar uma hora pela noiva, muitas vezes apertado para ir à casa de banho, ouvindo as tias da noiva cochichar: “aí tão feio, não sei como é que a nossa menina se agradou dele, o filho do Manuel talhante, aquele que ela namorou tantos anos, era bem mais bonito, e rico.”!!!
É nesse instante que o noivo pensa: “mas quem c****** é o Manuel talhante” e, num rasgo de lucidez, olha para os amigos (que, neste preciso instante, não conseguem parar de rir da figura do noivo), e pensa em desistir. Mas aí, meus caros, nesse instante já não há nada a fazer, o ponto do não retorno foi ultrapassado, a marcha nupcial já começou e agora, é “até que a morte os separe”.
Face ao exposto só me resta, pois, deixar-vos, um conselho, útil não só para esta, mas para todas as circunstâncias da vida:
Vigiai, meus amigos, vigiai sempre e sem cessar, pois “larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição”… (Mat. 7:13-14).
Feitas as advertências legais, peço-vos que tomem este texto, como um trabalho de carácter jus-científico mas que ultrapassa esse âmbito, pretendendo imiscuir-se no domínio da dogmática metodonomologica do discurso racional. Significa isto, apenas e tão só, que este texto deve ser visto como o simples conselho do irmão mais velho que chega a casa em situação de quase coma alcoólico e vos diz: “nunca bebas cerveja porque está muito cara e para ficares bêbado tens de beber muitas, bebe antes daquela bebida com o bicho lá dentro.” Sábias palavras, essas, que me acompanharão para o resto dos meus dias.
A título prévio, ainda, uma advertência bibliográfica: as referências ao Direito Natural efectuadas ao longo do texto podem ser desenvolvidas em S. Tomás de Aquino, Summa Theologica, I-II, q.91, a.1-2.
Iniciemos, pois o árduo trabalho.
Começando, pois, como é da praxe, pela história, pode afirmar-se que a ciência demonstra que os grandes feitos estão destinados a homens solteiros, senão vejamos:
Acham que o Vasco da Gama ou o Pedro Álvares Cabral teriam chegado à Índia e ao Brasil, respectivamente, se fossem casados? Não, a primeira coisa que teriam ouvido quando comunicassem a ideia à esposa seria, naquele tom ameaçador meio sério meio histérico: “sem pões um pé naquele barco troco-te pelo ferreiro que, por acaso, até tem uma “espada” maior que a tua”.
É verdade meus caros, os grandes feitos estão destinados a homens solteiros. Vejam o exemplo do Herman José ou do Joaquim Monchique. Acham que os homens andariam sempre de tão bom humor se fossem casados? É óbvio que não. E não me vejam com boatos cuja credibilidade deixa muito a desejar, porque, se fosse assim, sempre podíamos dizer que o Elton John também se casou…
Mas nos dias de hoje, o casamento, ainda não o sendo, tem já uma parte interessante. Refiro-me naturalmente ao já célebre curso de preparação para o casamento, vulgo, CPC.
Basicamente isto é um sítio onde a noiva obriga o noivo a ir, pois é “conditio sine qua non”, para que a união seja abençoada por Deus, e curioso é verificar que, já aqui, começam as divergência entre os ainda noivos: ele, quase sempre, reconhece mais autoridade ao Notário, ela, julga que o sacerdote os pode ajudar, como se ele tivesse qualquer experiência em matéria de casamento, enfim… .
Porém e dado que o casório é uma festa em que é a noiva quem tem o papel principal, o homem acaba por ceder.
Mas este processo de cedência do noivo à noiva, não se fica por aqui, durante esta fase encantada, também conhecida como antenupcial, o rapaz, cede a todos os desejos da moça. Os dois juntos, bem abraçadinhos, vão comprar o recheio da casa, copos, pratos e essas coisas todas que, uns anos mais tarde, aquando do divórcio vão ter que dividir mas que acabam sempre por ficar com a mulher porque o que ele quer é desaparecer e quanto mais rápido melhor.
Também aqui, embora seja, na teoria um processo de escolha a dois, ele é, na prática, uma decisão unilateral e irrecorrível, sublinho irrecorrível, da moça: se ela acha graça a uns copos dignos de constarem num estábulo, o rapaz não pode, sequer, atrever-se a colocar em causa a sua beleza, só para não ter de ver aquela cara de reprovação para o resto da vida cada vez que tiver sede. Mas o problema, mesmo, é se ela, numa falsa tentativa de dar um carácter democrático à coisa, lhe pergunta a opinião. Aqui o rapaz fica num dilema: se é sincero, nunca mais pode voltar a beber água frente à esposa, se não tiver opinião, ou disser que não se importa com essas coisas, ouvirá um reprovador: “não te interessas por nada, sou sempre eu que tenho de fazer tudo, a pressão está toda em cima de mim…” e outras expressões afins que seria tortuoso aqui elencar. Permitam-me, porém, um parêntesis, para, em defesa da raça, dizer que tal expressão é um acto de puro amor, digno de um príncipe prestes a tornar-se sapo. O que o homem quer significar com tal expressão é simplesmente que todas aquelas coisas, comparadas com a sua amada, não representam nada.
Aliás, deve dizer-se que o conceito de “recheio da casa” masculino se limita (i) à mulher, (ii) a uma catrefada de putos a correr livremente pelo covil, (iii) a um bom frigorífico e (iv) a uma televisão com Sport tv.
Mas o fenómeno mais interessante ocorre mesmo, no dia do casamento, em que o rapaz, metido num fato que provavelmente não vai vestir novamente na vida - a não ser que emigre para Angola e invocando o Direito Natural case mais seis vezes – tem de aguardar uma hora pela noiva, muitas vezes apertado para ir à casa de banho, ouvindo as tias da noiva cochichar: “aí tão feio, não sei como é que a nossa menina se agradou dele, o filho do Manuel talhante, aquele que ela namorou tantos anos, era bem mais bonito, e rico.”!!!
É nesse instante que o noivo pensa: “mas quem c****** é o Manuel talhante” e, num rasgo de lucidez, olha para os amigos (que, neste preciso instante, não conseguem parar de rir da figura do noivo), e pensa em desistir. Mas aí, meus caros, nesse instante já não há nada a fazer, o ponto do não retorno foi ultrapassado, a marcha nupcial já começou e agora, é “até que a morte os separe”.
Face ao exposto só me resta, pois, deixar-vos, um conselho, útil não só para esta, mas para todas as circunstâncias da vida:
Vigiai, meus amigos, vigiai sempre e sem cessar, pois “larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição”… (Mat. 7:13-14).
21 de Março - Dia Internacional da Poesia
terça-feira, março 21, 2006
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de
nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade,
Hoje estou lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida
apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida" (...)
Vale a pena ler aqui o resto do poema...
World Press Foto
terça-feira, março 14, 2006
Jan Grarup, Denmark, Politiken/Rapho.
Deixo uma escolha pessoal e um link para uma visita obrigatória! WorldPressFoto
Kashmir earthquake aftermath.
Deixo uma escolha pessoal e um link para uma visita obrigatória! WorldPressFoto
Crescei e multiplicai-vos
quarta-feira, março 08, 2006
O comportamento humano é, um tema verdadeiramente apaixonante. E se a questão for de comportamento masculino vs feminino, aí tudo se torna muito mais interessante, permitindo concluir que, afinal, não é tão grande o espaço que nos separa dos nossos antepassados que viviam na caverna.
A leitura de um livro que aborda estas matérias chamou-me a atenção para o assunto. Mas antes de mais um esclarecimento devido: eu sei que é abichanado ler sobre estas coisas, quando se tem a Auto-sport ou a MensHealth nas bancas, mas confesso que estou a precisar de desenvolver a minha habilidade para as relações interpessoais (leia-se, relações com o sexo feminino), pelo que suponho que tal necessidade permite a desculpabilização da pretensa ilicitude com base na figura da “colisão de deveres”. Se não desculpar, que se lixe, devem ser os meus níveis de testosterona que estão em baixo, nada, espero, que uma visita ao zoo não resolva.
Mas deixando os desvarios hormonais de lado e voltando ao tema que me ocupa, o que li no invocado livro mudará, para sempre, a forma como vejo o mundo.
Em primeiro lugar e relativamente ao homem, tem a ver com outro tema já abordado neste espaço e, por sinal, com grande maestria: a bricolage. Relativamente a esta matéria diziam os conceituados autores do citado estudo científico que todo o homem que se preze tem, dentro de si, um canalizador, um electricista, um trolha (e aqui permito-me abrir um parênteses para confirmar o facto e confessar que já dei por mim, numa loja da especialidade, a comprar uma talocha e uma colher de pedreiro) e até profissões para as quais se exigem mais qualificações como seja a de engenheiro electrotécnico. É, aliás, este imperativo genético, que justifica que tentemos abrir o ecrã plasma para solucionar aquele risco que teima em aparecer quanto nos deleitamos com a transmissão em directo, na Eurosport, do campeonato mundial de snoocker, sendo que, quando o voltamos a fechar, nem campeonato, nem snoocker nem coisa nenhuma, só negro...
É o mesmo gene que justifica que, nestas situações, nos dirijamos à loja, chateados, afirmando que aquilo só pode ser defeito do aparelho, que ainda está na garantia, o que, com um pouco de sorte, nos permite poupar cerca de €.2000,00, dispendidos num dia de loucura, pelo dito objecto.
E isto tudo, note-se, porque em tempo idos, a mulher ficava com o rabo na caverna, sabe-se lá a fazer o quê, enquanto o gajo tinha de andar no meio de dinossauros carnívoros a arranjar papinha para a menina e para os filhotes, a maior parte deles não desejados e fruto, apenas, de um dia de loucura. Dada esta necessidade de sobrevivência ficou no sangue dos machos, esta mania do faz tudo, sem ajuda. O problema é que nessa altura, que se saiba, ainda não havia ecrãs plasma... .
Mas se esta vertente do homem já era conhecida, relativamente à mulher confesso que se abriu para mim um inteiro mundo novo.
Pois bem aqui vai: dizia o livro e suponho que com conhecimento de causa, já que um dos autores é uma fêmea dada ao estudo da psicologia, que está cientificamente provado que, o que a mulher procura num homem não é a beleza, não é a compreensão, não é a ternura, nem sequer que o gajo baixe a tampa da sanita. O que bendito ser busca incessantemente é, pura e simplesmente, um macho com quem possa procriar e que lhe dê a estabilidade necessária até que a ninhada siga a sua vida.
Significa isto que tudo o que o homem sabia acerca da psicologia da mulher, se já não era muito e assente em bases muito pouco sólidas, desmoronou-se agora totalmente, que nem a defesa de um qualquer clube pequeno, do género SLB.
Afinal as senhoras não querem alguém com fortuna, carro topo de gama, corpo atlético e, de preferência, meio estúpido, para não as chatear muito. O que elas querem, imagine-se, é um macho para assegurar a prole.
E vão os ilustres autores mais longe afirmando que, afinal, o dinheiro não é, para elas, um fim em si mesmo mas tão só um meio que permite atingir um objectivo: a estabilidade no crescimento das crias. Em acréscimo, diz a mesma fonte, quando a fêmea elogia ou é atraída por um qualquer corpo atlético, tal não se deve a um qualquer conceito de beleza em si, mas tão só porque um corpo assim trabalhado transparece saúde, o que significa que dá mais garantias de uma ninhada saudável.
Afinal a coisa não é tão fútil como pensávamos. É mais profunda e, ainda por cima, elas não têm a culpa porque lhes está no ADN.
Confesso que este estudo me deixa, como macho, mais descansado. Não há que se preocupar com a barriga a crescer, com a alopecia de último grau, ou sequer, em trocar de peúgas todos os dias, porque isso não é importante. O importante é procriar e, por consequência, sustentar a ninhada.
Satisfeito este objectivo, o homem cumpre a missão que o trouxe ao mundo podendo, sem peso na consciência, repousar os seus volumosos abdominais no sofá, de cerveja na mão, saboreando a glória de uma ninhada bem criada.
A leitura de um livro que aborda estas matérias chamou-me a atenção para o assunto. Mas antes de mais um esclarecimento devido: eu sei que é abichanado ler sobre estas coisas, quando se tem a Auto-sport ou a MensHealth nas bancas, mas confesso que estou a precisar de desenvolver a minha habilidade para as relações interpessoais (leia-se, relações com o sexo feminino), pelo que suponho que tal necessidade permite a desculpabilização da pretensa ilicitude com base na figura da “colisão de deveres”. Se não desculpar, que se lixe, devem ser os meus níveis de testosterona que estão em baixo, nada, espero, que uma visita ao zoo não resolva.
Mas deixando os desvarios hormonais de lado e voltando ao tema que me ocupa, o que li no invocado livro mudará, para sempre, a forma como vejo o mundo.
Em primeiro lugar e relativamente ao homem, tem a ver com outro tema já abordado neste espaço e, por sinal, com grande maestria: a bricolage. Relativamente a esta matéria diziam os conceituados autores do citado estudo científico que todo o homem que se preze tem, dentro de si, um canalizador, um electricista, um trolha (e aqui permito-me abrir um parênteses para confirmar o facto e confessar que já dei por mim, numa loja da especialidade, a comprar uma talocha e uma colher de pedreiro) e até profissões para as quais se exigem mais qualificações como seja a de engenheiro electrotécnico. É, aliás, este imperativo genético, que justifica que tentemos abrir o ecrã plasma para solucionar aquele risco que teima em aparecer quanto nos deleitamos com a transmissão em directo, na Eurosport, do campeonato mundial de snoocker, sendo que, quando o voltamos a fechar, nem campeonato, nem snoocker nem coisa nenhuma, só negro...
É o mesmo gene que justifica que, nestas situações, nos dirijamos à loja, chateados, afirmando que aquilo só pode ser defeito do aparelho, que ainda está na garantia, o que, com um pouco de sorte, nos permite poupar cerca de €.2000,00, dispendidos num dia de loucura, pelo dito objecto.
E isto tudo, note-se, porque em tempo idos, a mulher ficava com o rabo na caverna, sabe-se lá a fazer o quê, enquanto o gajo tinha de andar no meio de dinossauros carnívoros a arranjar papinha para a menina e para os filhotes, a maior parte deles não desejados e fruto, apenas, de um dia de loucura. Dada esta necessidade de sobrevivência ficou no sangue dos machos, esta mania do faz tudo, sem ajuda. O problema é que nessa altura, que se saiba, ainda não havia ecrãs plasma... .
Mas se esta vertente do homem já era conhecida, relativamente à mulher confesso que se abriu para mim um inteiro mundo novo.
Pois bem aqui vai: dizia o livro e suponho que com conhecimento de causa, já que um dos autores é uma fêmea dada ao estudo da psicologia, que está cientificamente provado que, o que a mulher procura num homem não é a beleza, não é a compreensão, não é a ternura, nem sequer que o gajo baixe a tampa da sanita. O que bendito ser busca incessantemente é, pura e simplesmente, um macho com quem possa procriar e que lhe dê a estabilidade necessária até que a ninhada siga a sua vida.
Significa isto que tudo o que o homem sabia acerca da psicologia da mulher, se já não era muito e assente em bases muito pouco sólidas, desmoronou-se agora totalmente, que nem a defesa de um qualquer clube pequeno, do género SLB.
Afinal as senhoras não querem alguém com fortuna, carro topo de gama, corpo atlético e, de preferência, meio estúpido, para não as chatear muito. O que elas querem, imagine-se, é um macho para assegurar a prole.
E vão os ilustres autores mais longe afirmando que, afinal, o dinheiro não é, para elas, um fim em si mesmo mas tão só um meio que permite atingir um objectivo: a estabilidade no crescimento das crias. Em acréscimo, diz a mesma fonte, quando a fêmea elogia ou é atraída por um qualquer corpo atlético, tal não se deve a um qualquer conceito de beleza em si, mas tão só porque um corpo assim trabalhado transparece saúde, o que significa que dá mais garantias de uma ninhada saudável.
Afinal a coisa não é tão fútil como pensávamos. É mais profunda e, ainda por cima, elas não têm a culpa porque lhes está no ADN.
Confesso que este estudo me deixa, como macho, mais descansado. Não há que se preocupar com a barriga a crescer, com a alopecia de último grau, ou sequer, em trocar de peúgas todos os dias, porque isso não é importante. O importante é procriar e, por consequência, sustentar a ninhada.
Satisfeito este objectivo, o homem cumpre a missão que o trouxe ao mundo podendo, sem peso na consciência, repousar os seus volumosos abdominais no sofá, de cerveja na mão, saboreando a glória de uma ninhada bem criada.
AKI há gato!
Há não muito tempo, no decurso de um repasto de confraternização, descobri acidentalmente uma faceta absolutamente desconhecida de um amigo... a sua paixão pela bricolage! Todo o Homem (digno da expressão), tem no seu íntimo, uma incessante ânsia e avidez pela capacidade de edificar, de transformar, de criar... A simples actividade de conseguir programar um vídeo para gravar no canal e hora escolhidos (apenas ao alcance de alguns eleitos); acertar o relógio do micro-ondas; ou até ser capaz de montar uma mesa do IKEA sem sequer olhar para as instruções (o meu sueco nunca foi grande coisa mesmo...), é algo apenas comparável à alegria que o homem primitivo deve ter sentido após dominar o fogo com bravura!
Mas voltando ao jantar... quando me apercebi, estava sentado no enclave de uma verdadeira convenção de trolhas! Aquilo é malta com grandes planos! Discutiam-se os planos de reconstrução do Templo do Salomão (deve ser algum templo da Iurd embargado ou o novo Shopping Sonae) e até já tinham um “g’ande Arquitecto” para projectar a obra! Abençoado jantar! É que o meu habitáculo estava em fase de remodelação profunda, e a possibilidade de encontrar alguém de confiança para reparar a fuga de gás que tinha na cozinha, era tentadora demais para conseguir resistir! (nunca é uma questão de competência, apenas de confiança!)
Estudei a mesa percorrendo todos os rostos em busca de um sinal de mestria e clarividência, e optei por interpelar o jovem sentado ao meu lado. Tudo pensado! Iria tratá-lo por “chefe” (sinal de reverência entre a malta da obra), e metia conversa gabando-me do conjunto de chaves sextavada que tinha adquirido no AKI na semana anterior!
Mas inesperadamente... TODOS SE LEVANTAM! Fazem uma saudação imperceptível e começam a vestir um avental! Timidamente... e sem perceber muito bem porquê... estou igualmente de pé... e dou por mim a prender o guardanapo à presilha do cinto... estava completamente fora de jogo... mas foi nesse exacto momento que percebi qual era o motivo daquela reunião! MARISCO! Só pode! Aquilo é malta que deve gostar de dar umas valentes marteladas nos crustáceos, mas naturalmente, ninguém gosta de nódoas!
Desolado... desisti da ideia de arranjar empreiteiro e conformei-me com o meu péssimo sentido de oportunidade... aquilo não é malta de sujar as mãos... e a obra... deve ser feita em outsourcing... modernices!
Mas voltando ao jantar... quando me apercebi, estava sentado no enclave de uma verdadeira convenção de trolhas! Aquilo é malta com grandes planos! Discutiam-se os planos de reconstrução do Templo do Salomão (deve ser algum templo da Iurd embargado ou o novo Shopping Sonae) e até já tinham um “g’ande Arquitecto” para projectar a obra! Abençoado jantar! É que o meu habitáculo estava em fase de remodelação profunda, e a possibilidade de encontrar alguém de confiança para reparar a fuga de gás que tinha na cozinha, era tentadora demais para conseguir resistir! (nunca é uma questão de competência, apenas de confiança!)
Estudei a mesa percorrendo todos os rostos em busca de um sinal de mestria e clarividência, e optei por interpelar o jovem sentado ao meu lado. Tudo pensado! Iria tratá-lo por “chefe” (sinal de reverência entre a malta da obra), e metia conversa gabando-me do conjunto de chaves sextavada que tinha adquirido no AKI na semana anterior!
Mas inesperadamente... TODOS SE LEVANTAM! Fazem uma saudação imperceptível e começam a vestir um avental! Timidamente... e sem perceber muito bem porquê... estou igualmente de pé... e dou por mim a prender o guardanapo à presilha do cinto... estava completamente fora de jogo... mas foi nesse exacto momento que percebi qual era o motivo daquela reunião! MARISCO! Só pode! Aquilo é malta que deve gostar de dar umas valentes marteladas nos crustáceos, mas naturalmente, ninguém gosta de nódoas!
Desolado... desisti da ideia de arranjar empreiteiro e conformei-me com o meu péssimo sentido de oportunidade... aquilo não é malta de sujar as mãos... e a obra... deve ser feita em outsourcing... modernices!
O Dia da Defesa Nacional
sexta-feira, março 03, 2006
Sou um gajo dado a pesadelos, confesso. Não raras vezes, acordo com suores frios, quentes, e até mornos, sonhando com o Ascensão a perguntar-me, directamente, o que é um acto de comércio; com o Januário a excursar, longamente, (muitas vezes a noite toda) sobre o conceito de baldio e de expropriação, e até com a Fernanda a falar do Kant (Deus guarde a sua alma). A experiência mais próxima de um sonho molhado que alguma vez tive, foi com o Miranda, a discursar, a dois palmos da minha cara sobre a Constituição do Uganda.
Já pensei em recorrer a ajuda mas temo que não tenha remédio. São feridas de guerra, maleitas semelhantes às que aparecem “quando o tempo muda” e com as quais, mais tarde ou mais cedo, se aprende a viver e eu acho que já aprendi.
Sou um gajo dado a pesadelos, dizia, mas nunca imaginei que pudesse sofrer um como o que veio pela caixa do correio esta semana e, pior que tudo, era real.
Recebi uma carta, mas logo que olhei para o remetente confesso que o coração acelerou e não foi da arritmia que teima em não me largar. Era do Ministério da Defesa Nacional. Admito que o primeiro pensamento que tive foi: vou ser condecorado pelo Sampaio! Mas depois pensei melhor. O que é que eu fiz para merecer uma condecoração? Nada. Mas os outros também não fizerem nada, por isso, a esperança manteve-se. Teria sido da árvore que plantei na primária? Mas se bem me lembro secou, quando se tornou moda os canídeos (incluindo os de duas patas) irem lá mijar.
Naahhh, isto deve ser outra coisa, pensei…e era. “Convocamos V.Exa. para o dia da Defesa Nacional….”. Merda, pensei, e eu que julgava estar livre disto. Resumindo: adiei tudo o que tinha a ver com a tropa e quando acabei de estudar esqueci-me deles, provavelmente esperando que também eles me tivessem esquecido, mas não. Com tantos gajos, não podiam esquecer-se de mim…!!
Significa isto que., num dos próximos meses vou ter de ir, com mais uma centena de mancebos (e eu a pensar que já estava mais perto da reforma do que da mancebia quando se recusaram a renovar-me o cartão jovem), a uma base naval qualquer a ouvir falar das virtudes do exército e, imagine-se o bónus, se quiser alistar-me eles recebem-me de braços abertos e até me oferecem um bolo no aniversário. Quero mas é que eles se danem!
Liguei imediatamente para lá, tinha de me livrar daquilo e, além do mais, a minha sensibilidade dizia-me que aquela convocação era mais inconstitucional que uma lei fiscal retroactiva.
Atendeu aquilo que me pareceu ser um espécimen feminino cujo nome já não recordo. Tentei tudo, confesso, “sou imigrante”, “sou cantor pimba”, “tenho os pés chatos” mas nada resultou. Até perguntei se podia objectar de consciência. “Mas não vai à tropa, vai só ver como é que aquilo” dizia a manceba aturdida com a minha insistência. Mas eu sou contra tudo o que tem a ver com tropa, retorqui. Em desespero de casa lancei um “SOU DO BLOCO DE ESQUERDA não tá a ver??”. Mas nada, a soldada (suponho que seja soldada porque os oficiais não devem atender telefonemas dos mancebos) insistiu: “tem de ir e tem de ir e se não for tem penalidades”… e blá blá blá. Aquela mulher é uma verdadeira arma de guerra, uma máquina de matar, não demonstrou um pingo de sentimento – deve ter treino de operações especiais ou comandos, pensei.
Mas não desisti: “olhe, e se por acaso eu estiver doente nesse dia e com atestado e tudo?”. Fez-se silencio, a soldada hesitou um instante, pensou e - “pois, se for assim, não tem de vir, mas depois chamamo-lo outra vez!!!”
Mau…, lembrarem-se de mim uma vez até pode ser um elogio, mas duas vezes é gozo, e como não sou gajo de adiar o inevitável, avancei mais a sério. “Olhe Sra. soldada, e como é que me livro disso de uma vez por todas???” Confesso que estava disposto ao suborno, não pelo montante que oferecerem ao Sá, mas uns maços de tabaco de contrabando que um amigo me arranja.
Resposta da Sra.: “tem uma cunha?” Óbvio, como é que não me lembrei disto antes?
É pois este o motivo destas linhas, preciso de uma “cunha” para me livrar do dia do não sei quantos, em que estou convocado para ver uns barcos velhos e cheios de ferrugem e, sinceramente, não quero ir.
Já tenho pesadelos suficientes, não quero que a próxima personagem dos meus sonhos seja o Paulinho, vestido de marinheiro montado numa traineira cor-de-rosa a acenar-me…. até me arrepio só de pensar!!! A isto jamais sobreviveria.
Se não houver nenhuma “cunha”, deixem, pelo menos, uma ideia quanto à inconstitucionalidade da convocatória porque, em desespero de causa estou decidido a avançar para o Provedor de Justiça e o único argumento que me lembro é o da retroactividade prejudicial ao contribuinte, mas que aqui é capaz de não ser suficiente.
Do fundo do coração, e desde já, o meu mais sincero obrigado.
Já pensei em recorrer a ajuda mas temo que não tenha remédio. São feridas de guerra, maleitas semelhantes às que aparecem “quando o tempo muda” e com as quais, mais tarde ou mais cedo, se aprende a viver e eu acho que já aprendi.
Sou um gajo dado a pesadelos, dizia, mas nunca imaginei que pudesse sofrer um como o que veio pela caixa do correio esta semana e, pior que tudo, era real.
Recebi uma carta, mas logo que olhei para o remetente confesso que o coração acelerou e não foi da arritmia que teima em não me largar. Era do Ministério da Defesa Nacional. Admito que o primeiro pensamento que tive foi: vou ser condecorado pelo Sampaio! Mas depois pensei melhor. O que é que eu fiz para merecer uma condecoração? Nada. Mas os outros também não fizerem nada, por isso, a esperança manteve-se. Teria sido da árvore que plantei na primária? Mas se bem me lembro secou, quando se tornou moda os canídeos (incluindo os de duas patas) irem lá mijar.
Naahhh, isto deve ser outra coisa, pensei…e era. “Convocamos V.Exa. para o dia da Defesa Nacional….”. Merda, pensei, e eu que julgava estar livre disto. Resumindo: adiei tudo o que tinha a ver com a tropa e quando acabei de estudar esqueci-me deles, provavelmente esperando que também eles me tivessem esquecido, mas não. Com tantos gajos, não podiam esquecer-se de mim…!!
Significa isto que., num dos próximos meses vou ter de ir, com mais uma centena de mancebos (e eu a pensar que já estava mais perto da reforma do que da mancebia quando se recusaram a renovar-me o cartão jovem), a uma base naval qualquer a ouvir falar das virtudes do exército e, imagine-se o bónus, se quiser alistar-me eles recebem-me de braços abertos e até me oferecem um bolo no aniversário. Quero mas é que eles se danem!
Liguei imediatamente para lá, tinha de me livrar daquilo e, além do mais, a minha sensibilidade dizia-me que aquela convocação era mais inconstitucional que uma lei fiscal retroactiva.
Atendeu aquilo que me pareceu ser um espécimen feminino cujo nome já não recordo. Tentei tudo, confesso, “sou imigrante”, “sou cantor pimba”, “tenho os pés chatos” mas nada resultou. Até perguntei se podia objectar de consciência. “Mas não vai à tropa, vai só ver como é que aquilo” dizia a manceba aturdida com a minha insistência. Mas eu sou contra tudo o que tem a ver com tropa, retorqui. Em desespero de casa lancei um “SOU DO BLOCO DE ESQUERDA não tá a ver??”. Mas nada, a soldada (suponho que seja soldada porque os oficiais não devem atender telefonemas dos mancebos) insistiu: “tem de ir e tem de ir e se não for tem penalidades”… e blá blá blá. Aquela mulher é uma verdadeira arma de guerra, uma máquina de matar, não demonstrou um pingo de sentimento – deve ter treino de operações especiais ou comandos, pensei.
Mas não desisti: “olhe, e se por acaso eu estiver doente nesse dia e com atestado e tudo?”. Fez-se silencio, a soldada hesitou um instante, pensou e - “pois, se for assim, não tem de vir, mas depois chamamo-lo outra vez!!!”
Mau…, lembrarem-se de mim uma vez até pode ser um elogio, mas duas vezes é gozo, e como não sou gajo de adiar o inevitável, avancei mais a sério. “Olhe Sra. soldada, e como é que me livro disso de uma vez por todas???” Confesso que estava disposto ao suborno, não pelo montante que oferecerem ao Sá, mas uns maços de tabaco de contrabando que um amigo me arranja.
Resposta da Sra.: “tem uma cunha?” Óbvio, como é que não me lembrei disto antes?
É pois este o motivo destas linhas, preciso de uma “cunha” para me livrar do dia do não sei quantos, em que estou convocado para ver uns barcos velhos e cheios de ferrugem e, sinceramente, não quero ir.
Já tenho pesadelos suficientes, não quero que a próxima personagem dos meus sonhos seja o Paulinho, vestido de marinheiro montado numa traineira cor-de-rosa a acenar-me…. até me arrepio só de pensar!!! A isto jamais sobreviveria.
Se não houver nenhuma “cunha”, deixem, pelo menos, uma ideia quanto à inconstitucionalidade da convocatória porque, em desespero de causa estou decidido a avançar para o Provedor de Justiça e o único argumento que me lembro é o da retroactividade prejudicial ao contribuinte, mas que aqui é capaz de não ser suficiente.
Do fundo do coração, e desde já, o meu mais sincero obrigado.
O Triunfo dos Porcos
quinta-feira, março 02, 2006
Quem ainda não leu esta magnífica obra literária, cujo título original é Animal Farm, brilhantemente redigida por George Orwell (que também escreveu 1984, obra igualmente fascinante), deverá ser atado a um pinheiro de uma qualquer (já escassa) manta florestal portuguesa e apenas ser retirado após o Verão, o que diminuirá, em consequência, consideravelmente as hipóteses de sobrevivência....isto, partindo do pressuposto que o proprietário da floresta não seja nenhum indivíduo que se balde ao fisco e não tenha rendimentos, mas conduza um pópó da Baviera Motor Wagen....vulgo BMW!
Por caso tal aconteça, podem ter a certeza que nem o Inferno de Dante consumiria tal floresta.....passaria ao lado, até, quem sabe, por cima....mas não queimava nem um ninho de qualquer passaroco abandonado (se bem que para eliminar a Gripe das Aves, os alimentos devem ser cozinhados acima dos 70º celsius..)...
Mas isto tudo porquê???
Porque neste país, todos os porcos triunfam, senão vejamos:
Por caso tal aconteça, podem ter a certeza que nem o Inferno de Dante consumiria tal floresta.....passaria ao lado, até, quem sabe, por cima....mas não queimava nem um ninho de qualquer passaroco abandonado (se bem que para eliminar a Gripe das Aves, os alimentos devem ser cozinhados acima dos 70º celsius..)...
Mas isto tudo porquê???
Porque neste país, todos os porcos triunfam, senão vejamos:
- Algum de vós sabe indicar algum caso/processo judicial em que tenha sido condenado alguém considerado relevante na sociedade???
- Alguém sabe indicar um clube de futebol que não esteja falido?? Mas nunca chegaram a pagar os impostos....enquanto que o tuga é mais perseguido pelos gajos dos Impostos do que o Brad Pitt pelas mulheres.....
- Alguém pode, por obséquio, indicar-me um Advogado que tenha fama de honesto??
- Alguém consegue, em qualquer serviço público em Portugal ser bem atendido e não ter que pagar nada pela"porta do cavalo"?? Sem cunhas???
- Alguém me poderá indicar o indivíduo(a) que num "honesto" concurso público seja colocado por mérito??
- Alguém neste país fez fortuna honestamente?? A trabalhar???..... Não brinquem comigo...
Não há verdade mais latente do que a expressa no livro, cujo título me inspirei para esta redacção.... Todos os animais são iguais, mas há uns mais iguais que outros...
Todas as "estórias" têm um fim....mas enquanto esta não finda...questiono.... será que vale a pena ser um porco??.....é que às vezes parece....
Contingências da vida
Há coisas que passeiam pelo nosso subconsciente, e por vezes, quando reencontramos expressões familiares, temos aquela sensação “déjà vu”... Recentemente esbarrei na comummente utilizada terminologia “Contingente especial”! Este “genre”, aplica-se aos mais variados sectores, mas por ora, vamos cingir-nos ao caso do acesso ao ensino superior em Portugal. De facto, está legalmente consagrada a existência de contingente dito especial para: candidatos oriundos dos Açores e da Madeira; emigrantes portugueses e familiares que com eles residam(até pode ser o gato da família); militares e portadores de deficiência física ou sensorial.
Acrescem ainda, as vagas e benesses dos próprios estabelecimentos de ensino superior destinadas aos Palops, pilotos de F-16 da Força Aérea, presidentes de Junta, atletas de alta competição, dirigentes associativos, exímios jogadores de matrecos e sueca (conhecimento de causa), entre outros...
Assim sendo, pode concluir-se o seguinte: existe uma verdadeira “Lei Bosman” no ensino português, e está legal e cientificamente comprovada a existência de um nexo de causalidade entre, o Q.I. de um indivíduo, e o seu local de nascença!
Mas afinal, quem “caiu” no Contingente geral??? (é aqui que entra o sério trabalho de investigação jornalística). Por motivos de decoro e confidencialidade, optou-se por não revelar os nomes dos 3 visados, a saber:
Mas afinal, quem “caiu” no Contingente geral??? (é aqui que entra o sério trabalho de investigação jornalística). Por motivos de decoro e confidencialidade, optou-se por não revelar os nomes dos 3 visados, a saber:
- A filha da D. Lurdes do 3º esq. - Motivo de exclusão do Contigente especial: erro no preenchimento dos impressos de candidatura... escreveu “portuguesa” no campo de preenchimento relativo à “Naturalidade” (erro clássico);
- Jovem de 34 anos, oriundo do Uzbequistão, cujo processo de descoberta da sua linhagem de ascendência minhota, continua inexplicavelmente, pendente de confirmação;
- Um promissor jovem artista, penúltimo classificado no festival regional de canto coral de Torres Vedras - Motivo de exclusão do Contigente especial: acusou a presença de nandrolona num exame surpresa.
Sejamos pragmáticos, em rigor, as únicas ideias dignas de realce que a Humanidade teve nas últimas décadas, resumem-se à invenção da direcção assistida e do auto-rádio com leitor de mp3... e mesmo aqui, o mérito deve ir direitinho para um qualquer incógnito asiático! O conceito de justiça distributiva, é uma utopia subvertida! O nosso legislador positiva a igualdade de forma incansável, mas persiste em ignorar a capacidade e engenho do Tuga, que apenas peca por ter excesso de imaginação!
Em jeito de conclusão, proponho que nos deixemos de eufemismos! E em substituição da expressão “Contingente especial”, porque não chamar “Gente especial”?!
Sejamos pragmáticos, em rigor, as únicas ideias dignas de realce que a Humanidade teve nas últimas décadas, resumem-se à invenção da direcção assistida e do auto-rádio com leitor de mp3... e mesmo aqui, o mérito deve ir direitinho para um qualquer incógnito asiático! O conceito de justiça distributiva, é uma utopia subvertida! O nosso legislador positiva a igualdade de forma incansável, mas persiste em ignorar a capacidade e engenho do Tuga, que apenas peca por ter excesso de imaginação!
Em jeito de conclusão, proponho que nos deixemos de eufemismos! E em substituição da expressão “Contingente especial”, porque não chamar “Gente especial”?!
Les Retrouvailles
terça-feira, fevereiro 28, 2006
Confesso que estava à espera de algo (completamente) diferente...
A expectativa estava em queda, num pique frenético, desde que o talentoso músico francês optou por adiar o esgotadíssimo concerto marcado para Dezembro e remarcá-lo (imagine-se!) para a 2ª feira de Carnaval, dia no qual são muitos - ao que parece - os que fazem questão em comemorar uma festa que nunca foi nossa e que apenas fala português porque alguém, num certo dia certamente chuvoso, decidiu importar "à bruta" um conjunto de artistas brasileiros de duvidosa qualidade.
Calculo que as pessoas que se encontravam no CCB não estavam preparadas para o que iriam ver/ouvir... não será estranho se disser que a música de Yann Tiersen implica sempre um breve processo de aprendizagem, muito lenta num primeiro momento, e, quando nos desleixamos num piscar de olhos mais demorado, completamente integrada na nossa vida e sem a qual já não conseguimos viver...
A música começou, a eterna insatisfação com o lugar em que nos encontramos assaltou-me o espírito (ou é duro, ou não tem braços, ou não tem espaço para as pernas... enfim, pelo menos não deve haver anão que se queixe!), mas rapidamente os "algos" tornaram-se em "nadas" e a paixão por aquela sonoridade começou a renascer, ferida de morte praticamente desde que o "é" passou a "vai ser".
Foram cerca de 2 horas de uma dimensão musical ao alcance de poucos, de uma mestria invulgar, de uma musicalidade que se sente e se vê... os olhos tinham dificuldades em apreender tudo o que se passava naquele palco, tão grande para uns, mas tão pequeno naquela noite... as mãos apertavam-se cada vez com mais força... os ouvidos recusavam-se a aceitar tamanha harmonia, o baixo confundia-se com a guitarra até que aparecia o piano que gritava mais alto do que o acórdeão que não fazia esquecer a flauta...
Já lá vão 2 dias... e ainda estou a ressacar!
A expectativa estava em queda, num pique frenético, desde que o talentoso músico francês optou por adiar o esgotadíssimo concerto marcado para Dezembro e remarcá-lo (imagine-se!) para a 2ª feira de Carnaval, dia no qual são muitos - ao que parece - os que fazem questão em comemorar uma festa que nunca foi nossa e que apenas fala português porque alguém, num certo dia certamente chuvoso, decidiu importar "à bruta" um conjunto de artistas brasileiros de duvidosa qualidade.
Calculo que as pessoas que se encontravam no CCB não estavam preparadas para o que iriam ver/ouvir... não será estranho se disser que a música de Yann Tiersen implica sempre um breve processo de aprendizagem, muito lenta num primeiro momento, e, quando nos desleixamos num piscar de olhos mais demorado, completamente integrada na nossa vida e sem a qual já não conseguimos viver...
A música começou, a eterna insatisfação com o lugar em que nos encontramos assaltou-me o espírito (ou é duro, ou não tem braços, ou não tem espaço para as pernas... enfim, pelo menos não deve haver anão que se queixe!), mas rapidamente os "algos" tornaram-se em "nadas" e a paixão por aquela sonoridade começou a renascer, ferida de morte praticamente desde que o "é" passou a "vai ser".
Foram cerca de 2 horas de uma dimensão musical ao alcance de poucos, de uma mestria invulgar, de uma musicalidade que se sente e se vê... os olhos tinham dificuldades em apreender tudo o que se passava naquele palco, tão grande para uns, mas tão pequeno naquela noite... as mãos apertavam-se cada vez com mais força... os ouvidos recusavam-se a aceitar tamanha harmonia, o baixo confundia-se com a guitarra até que aparecia o piano que gritava mais alto do que o acórdeão que não fazia esquecer a flauta...
Já lá vão 2 dias... e ainda estou a ressacar!
O Faraó
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
Estava eu, naquele belo dia de véspera de Carnaval a matutar..."qué passa hombré?"..... pouco trânsito.....Metro (e não eléctrico de superfície...que parecem proliferar mais depressa do que a gripe da aves e a que alguns chama Metro...vá se lá saber porquê.....se calhar é por contam a distância em metros e não em quilómetros) semi vazio....cafés e algumas lojas encerradas... e de repente...zás.....aquilo a que se chama um valente espalhanço (ou tralho em português cavernículo)!! Depois de ter dito uma vintena de palavrões a uma velocidade superior à da luz (que faria qualquer mulher púdica corar......partindo do pressuposto de que ela não gosta...) dou comigo a contemplar o céu e a pensar na vida.......quando sou abruptamente interrompido por uma voz doce e cândida de uma senhora cuja idade me fazia pensar, sabe-se lá porquê, em tijolos, que me disse: "Quer que chame uma ambulância"....."Coitado de si...." !!
Fiquei pasmado......coitado??!! Só porque aparentava ter 3 costelas fracturadas, fissuras na bacia,descolcamento da omaplata, cabeça partida, entre outras várias escoriações graves, chamou-me coitado?? Mas a quem é que a p*** da velha estava a chamar coitado??? Então de uma forma raivosa e extremamente desagradável respondo-lhe: "Não minha senhora...fico-lhe agradecido, mas estou bem..."....entretanto ouço as sirenes e o instinto africano (para quem vive num País dito de Brancos) fala mais alto....começo a fugir....zás....fugi para o lado errado.....era o lado da estrada e sou abalroado por uma VW Passat amarela e azul, a que chamam VMER do INEM...... ai a minha vida, pensei....
Quando acordei pergunto a uma enfermeira de sonho ( 60 - 86 -60 .... correcto era esta a proporção, mas também não disse que era de sonho para que tipo de pessoa...talvez um amblíope) que estava perante mim na cama de hospital..."que dia é hoje?"...Ao que ela me retorquiu, naquela voz abagaçada de estivadora do Porto de Setúbal.."É Carnaval, mas você deve sair daqui por volta da Páscoa!!"...
Pensei...mascarado já eu estou e graças aos meus níveis de melanina, posso até ser considerado como um Faraó....aspecto de múmia, tez acastanhada, trazem-me a comida, tratam de mim......esta vida está difícil.....ai, eu..ai, eu!!!
Fiquei pasmado......coitado??!! Só porque aparentava ter 3 costelas fracturadas, fissuras na bacia,descolcamento da omaplata, cabeça partida, entre outras várias escoriações graves, chamou-me coitado?? Mas a quem é que a p*** da velha estava a chamar coitado??? Então de uma forma raivosa e extremamente desagradável respondo-lhe: "Não minha senhora...fico-lhe agradecido, mas estou bem..."....entretanto ouço as sirenes e o instinto africano (para quem vive num País dito de Brancos) fala mais alto....começo a fugir....zás....fugi para o lado errado.....era o lado da estrada e sou abalroado por uma VW Passat amarela e azul, a que chamam VMER do INEM...... ai a minha vida, pensei....
Quando acordei pergunto a uma enfermeira de sonho ( 60 - 86 -60 .... correcto era esta a proporção, mas também não disse que era de sonho para que tipo de pessoa...talvez um amblíope) que estava perante mim na cama de hospital..."que dia é hoje?"...Ao que ela me retorquiu, naquela voz abagaçada de estivadora do Porto de Setúbal.."É Carnaval, mas você deve sair daqui por volta da Páscoa!!"...
Pensei...mascarado já eu estou e graças aos meus níveis de melanina, posso até ser considerado como um Faraó....aspecto de múmia, tez acastanhada, trazem-me a comida, tratam de mim......esta vida está difícil.....ai, eu..ai, eu!!!
Aberto das 0:01 às 23:59!
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
4:23AM! Acordei sobressaltado! Pressão arterial no pico! O sangue cavalgava pelas veias... a sensação de aperto no coração... Numa obstinada tentativa de acalmar, cerro os olhos com força e tento fixar os pontos de luz em pano de fundo negro, que mais não são que um céu estrelado em rotação (curiosamente este fenómeno segue invariavelmente o sentido dos ponteiros do relógio) Mas não resulta! A ânsia de exteriorizar o chorrilho de ideias que me percorrem e invadem o pensamento é mais forte, tenho de encontrar maneira de contar isto a alguém... mas como?? A esta hora?? A quem poderia ligar sem ser violentamente insultado?? Escrever na fronha da almofada?? Mesmo que quisesse, não era capaz de escrever tudo o que penso... perderia a essência... o corpo... a alma... mas afinal, em que estava mesmo a pensar?!? Merda!!! Foi-se...
Afinal, o que sentia era apenas uma incontrolável vontade de mijar por causa das Sagres que bebi ao jantar... acendi a luz e calquei o chão frio em direcção à casa-de-banho, pé ante pé, enquanto matutava em agonia na genial ideia poderia ter concebido... mas que deixei escapar... foi nesse momento de pseudo epifania, que verdadeiramente me senti humano, foi um verdadeiro bater com o dedo mindinho na esquina da porta!
Qualquer coincidência entre o relato supra exposto e a realidade, será pura coincidência, até porque, eu não bebo Sagres, bebo Superbock! Mas o que verdadeiramente importa é que amiúde, há episódios que devem ser contados, são pedaços de vida, recortes de ideias, ou até colagens de sonhos, que são maiores do que nós...transcendem-nos! Não nos pertencem! Assim sendo, optemos então por partilhá-los!
Este espaço lúdico/porno/desportivo/banal/cultural (quiçá até...musical) é apenas comparável àquele espaço, onde a malta no liceu se reunia nos intervalos, aquele canto tão nosso, que apesar de aberto ao mundo, não deixava de nos ser mais familiar! É embebido nesse espírito, que deixo de dormir no confortável sofá de amigos, e surge este espaço para os amigos!
Afinal, o que sentia era apenas uma incontrolável vontade de mijar por causa das Sagres que bebi ao jantar... acendi a luz e calquei o chão frio em direcção à casa-de-banho, pé ante pé, enquanto matutava em agonia na genial ideia poderia ter concebido... mas que deixei escapar... foi nesse momento de pseudo epifania, que verdadeiramente me senti humano, foi um verdadeiro bater com o dedo mindinho na esquina da porta!
Qualquer coincidência entre o relato supra exposto e a realidade, será pura coincidência, até porque, eu não bebo Sagres, bebo Superbock! Mas o que verdadeiramente importa é que amiúde, há episódios que devem ser contados, são pedaços de vida, recortes de ideias, ou até colagens de sonhos, que são maiores do que nós...transcendem-nos! Não nos pertencem! Assim sendo, optemos então por partilhá-los!
Este espaço lúdico/porno/desportivo/banal/cultural (quiçá até...musical) é apenas comparável àquele espaço, onde a malta no liceu se reunia nos intervalos, aquele canto tão nosso, que apesar de aberto ao mundo, não deixava de nos ser mais familiar! É embebido nesse espírito, que deixo de dormir no confortável sofá de amigos, e surge este espaço para os amigos!
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