Férias ou Purgatório de Verão?

segunda-feira, agosto 28, 2006




Após longa ausência sem dizer disparates e asneiras, pelo menos publicadas, e de forma tão directa e explícita, apetece-me filosofar sobre a minha visão do pesadelo de Verão.
É indiscutível, do meu ponto de vista machista e pouco liberal, que o período de férias é algo de fantástico em termos de desabrochar da natureza; todos os casacos, sobretudos e calças desaparecem, dando lugar à mini-saia, biquinis e demais e variadas formas de expressão corporal, que nos fazem arregalar tanto os olhos, com o consequente desenvolvimento das mucosas bocais, e activação de elementos orgânicos que nos fazem sentir ainda mais vivos do que no resto do ano!
Infelizmente, a sabedoria popular é sempre soberana e, de facto, não existe bela sem senão...vejamos:
A viagem em direcção às praias e zonas de recreio é uma aventura, cuja probabilidade de acabar em tragédia é muito superior em relação ao resto do ano, tal como demonstram as estatísticas de acidentes de viação (pese embora o facto de estarem a diminuir os números da tragédia, ciclo que se espera que continue).
Após esta parte da aventura, partindo do pressuposto que terá corrido da melhor forma e depois de desembolsados alguns parcos valores, contabilizando os combustíveis e portagens, chegamos ao destino onde ficaremos a fingir que estaremos a utilizar a habitação (seja de tijolos ou de pano/poliyster), o que se torna um puro engano, pois bem contabilizado o tempo lá passado, este revela-se diminuto em relação ao período total de férias.
Eis que decidimos ir fazer umas compritas, de forma a adquirir o básico para as necessidades diárias, estilo garrafões de água, cerveja, pão, leite, cerveja, mais cerveja, vinho, cerveja, fruta e por fim algo para refrescar....cerveja. Após passarmos por algum trânsito, julgamos nós de pessoas em direcção à praia, eis que começamos a sentir que ficámos em Lisboa, pois há mais gente no supermercado do que no Alvalade XXI, (o que também não é difícil, refira-se) e demoramos uma hora a comprar aqueles poucas coisitas, pois se comprassemos algo mais, quando saíssemos poderíamos apreciar o pôr do Sol.
Depois de pormos as coisas no seu devido lugar, ou seja, a cerveja no frigorífico e congelador a refrescarem, pois o resto não interessa, decidimos ir à praia.....e eis que o Purgatório se adensa, à medida que nos vamos aproximando do cheiro a maresia....carros parados, buzinadelas, "fuçanga" para arranjar um lugar para estacionar, a 600 metros da praia, enfim.....mais parece uma ida normal para o emprego.
Chegados à praia, o calor aperta, mas também nós temos de apertar a cintura e encolher as toalhas, pois essa torna-se a única forma de estarmos na praia a gozar férias....à saída da praia o trânsito faz-me lembrar a rotunda do Marquês, com a saída para a A5, com 1 aroma a IC 19, polvilhado com 2ª Circular, mas sem o acompanhamento, neste caso as já famigeradas e famosas obras de St.ª Engrácia (tadinha da Santinha..).
Depois da banhoca e do refresco, julgamos que poderá ser boa ideia ir jantar fora, mas percebemos que ficar 40 min (se tivermos sorte!) à espera de uma mesa, comer comida mal confecionada, mesmo quando é grelhada e ser-se mal atendido por sermos tugas, é o cúmulo...arrependemo-nos de não ter ficado à espera do pôr do Sol no supermercado, mas onde tínhamos comprado comida.
Com fome, mas bem refrescados, pensamos em ir para um bar/discoteca, onde possamos ter alguma sorte e passar a noite e o fim da noite com uma mangueirada na patareca (expressão da autoria dos elementos do Gato Fedorento, utilizada no 13º episódio da série na RTP), mas eis que somos surpreendidos, com as festas da mangueira, nas quais há muitos bombeiros esfaimados e fartos da secura, e onde mulheres interessantes e bonitas, que se afastem do conceito de ruminantes é coisa tão frequente, como lagos no deserto.
Então porque raio é que lhe chamam Férias?? Tal só se pode fundar no conceito técnico-jurídico, existente no Código de Trabalho (art.º 211º e segs., para quem tiver interesse), porque estar stressado a conduzir, a fazer compras, a arranjar lugar para estacionar e na própria praia, ser mal atendido e esbulhado nos restaurantes (onde pára a ASAE nas férias?), bares e discotecas, mais frequentadas do que em qualquer cidade, não é, propriamente, o meu conceito de férias, que comporta descanso, isenção absoluta de horários e relax puro....razão pela qual férias em Agosto, só quando casado e pai de filhos...até lá...o purgatório, caso aderirem a este plano de férias que vos expus, é da vossa inteira responsabilidade!

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Anónimo disse...