A grandeza de uma nação

sexta-feira, março 31, 2006


" A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser julgados pelo modo como os seus animais são tratados"
Mahatma Ghandi



Vejam esta notícia e pensem nisso.

A "Meia Dúzia"

quarta-feira, março 29, 2006

Ainda a propósito do jogo de ontem não queria deixar de partilhar uma conversa que tive, há minutos, com o meu pai que, como sabem, é um fervoroso adepto do Benfica, daqueles que é capaz de ir ao Parque dos Príncipes, propositadamente, ver a final da taça amizade e vir de lá com a alegria de quem acaba de ganhar a quinta liga dos campeões consecutiva.

E antes de mais, devo dizer que reconheço autoridade futebolística ao meu progenitor na medida em que, desde que se reformou vê, em média, 10 jogos de futebol por dia em 8 canais distintos.
Ouvindo as queixas da minha mãe, pensei que tal não era possível mas comecei a acreditar, seriamente, depois de perceber que ele conhecia a toda a equipa do Zamalek do campeonato egípcio, de trás para a frente e de frente para trás, ao ponto de pôr em causa as escolhas do grande Manuel Cajuda.
Mas mais, foi também ele que me ensinou que existe, na liga japonesa, uma equipa que tem nome de marisco, a saber, o "Gamba Osaka" e que os gajos têm um avançado muito rápido que seria uma excelente aquisição para o glorioso.

Desde aí rendi-me à sua sabedoria.

Mas voltando ao tema, perguntei-lhe, há minutos, o que é achou do jogo de ontem e sabem qual foi a resposta?

Num tom meio chateado, conformado e triste, e naquela pronúncia alentejana que me faz sentir em casa, expressou um:

"Filho, lá, levamos meia dúzia".

E mais não digo.

Exortação às Águias!

terça-feira, março 28, 2006

News flash: Após repasto num conhecido restaurante da margem sul, dez jogadores da equipa do Barcelona, incluindo a estrela da companhia Ronaldinho Gaúcho, deram entrada nas urgências do Hospital de Santa Maria.

Fonte oficial do restaurante “o Barbas” sito na Costa da Caparica, rejeita qualquer responsabilidade pelas acusações de intoxicação alimentar e alega que os jogadores do Barca apenas comeram “fruta da época”!

O Original

segunda-feira, março 27, 2006

Os romanos traduziram o zoon politikon de Aristóteles pela expressão animal sociale. Nesta sequência, São Tomás de Aquino na Summa diz que o homem é naturalmente um animal social (homo naturaliter est animal sociale).
Para Bernard Lonergan, o homem, como ser concreto, é material e espiritual! É material devido aos seus elementos físicos, químicos, orgânicos, e sensíveis. É espiritual pelos seus elementos intelectuais. E o homem não é apenas uma assemblagem destes elementos conjugados... é uma unidade, e essa unidade tem um fundo metafísico.

Em segundo lugar, o homem é um animal social que nasce no seio de uma família até formar outra. Imita e aprende com os outros e os seus planos práticos requerem a colaboração dos outros. Desenvolve-se mediante o que chama "formas conjugadas", a saber, os eventos de reconhecimento, consenso e acção que emergem dos imperativos de atenção, sensibilidade, racionalidade, e responsabilidade.

Em rigor, há uma necessidade intrínseca do homem, enquanto bicho social, de viver em comunidade e de sentir inserido numa estrutura hierárquica organizacional, de tal forma, que a única sanção aplicável a um recluso, é o isolamento! De facto, a única atrocidade superior a conviver com a nata dos homicidas e molestadores, é a solidão! É a confrontação com a inelutável realidade de que não conseguimos estar sós!

Actualmente, o desígnio de inserção do homem, assume a sua plenitude quando este se passeia calmamente pelas fileiras de um qualquer shopping, ostentado orgulhosamente a sua vulgaridade e passando revista aos demais transeuntes! O recurso à futilidade é incentivado, sendo gerador de uma confortável sensação de segurança inter pares! Mas se é verdade que o homem se imita ciclicamente a si próprio... parece-me que apenas a originalidade e a singularidade poderão proporcionar uma verdadeira e real evolução...

Porto 1 - Sporting 1 (5-4 g.p.)

quinta-feira, março 23, 2006

"O inevitável prolongamento foi electrizante, designadamente nos minutos finais. Na 1.ª parte, faltou ao Sporting aquilo que nunca conseguiu fazer em todo o jogo: o último passe para concluir a jogada. Num golpe de três-contra-dois, Nani fez um passe muito murcho para Deivid e perdeu-se a ocasião de rematar. Na 2.ª. tudo se precipitou ao minuto 109'. Cech deu o brinde a Nani que fez o centro perfeito para Liedson marcar. A decisão parecia arrumada ali. Mas não. Uma cuspidela de Meireles em Deivid originou tal sururu com Olegário incapaz, também, ele, de manter a calma. Expulsou Caneira e o FCPorto apostou tudo no chuveirinho".

in Record, 23-03-06

Mais uma vergonha...

Subsídios para a compreensão do instituto do casamento – Parte I.

Dado que uma percentagem bastante elevada de amigos meus em idade nubente decidiu assinar esse contrato vitalício e irrevogável que é o casamento, resolvi escrever algumas palavras sobre o dito instituto. No presente texto, optei por fazer uma mera introdução ao tema, sendo que, como aviso prévio, deixo claro que não me comprometo a fazer uma parte II, pelo que a publicação deste texto é, assim, insusceptível de criar quaisquer expectativas juridicamente tuteladas.

Feitas as advertências legais, peço-vos que tomem este texto, como um trabalho de carácter jus-científico mas que ultrapassa esse âmbito, pretendendo imiscuir-se no domínio da dogmática metodonomologica do discurso racional. Significa isto, apenas e tão só, que este texto deve ser visto como o simples conselho do irmão mais velho que chega a casa em situação de quase coma alcoólico e vos diz: “nunca bebas cerveja porque está muito cara e para ficares bêbado tens de beber muitas, bebe antes daquela bebida com o bicho lá dentro.” Sábias palavras, essas, que me acompanharão para o resto dos meus dias.
A título prévio, ainda, uma advertência bibliográfica: as referências ao Direito Natural efectuadas ao longo do texto podem ser desenvolvidas em S. Tomás de Aquino, Summa Theologica, I-II, q.91, a.1-2.

Iniciemos, pois o árduo trabalho.

Começando, pois, como é da praxe, pela história, pode afirmar-se que a ciência demonstra que os grandes feitos estão destinados a homens solteiros, senão vejamos:

Acham que o Vasco da Gama ou o Pedro Álvares Cabral teriam chegado à Índia e ao Brasil, respectivamente, se fossem casados? Não, a primeira coisa que teriam ouvido quando comunicassem a ideia à esposa seria, naquele tom ameaçador meio sério meio histérico: “sem pões um pé naquele barco troco-te pelo ferreiro que, por acaso, até tem uma “espada” maior que a tua”.
É verdade meus caros, os grandes feitos estão destinados a homens solteiros. Vejam o exemplo do Herman José ou do Joaquim Monchique. Acham que os homens andariam sempre de tão bom humor se fossem casados? É óbvio que não. E não me vejam com boatos cuja credibilidade deixa muito a desejar, porque, se fosse assim, sempre podíamos dizer que o Elton John também se casou…

Mas nos dias de hoje, o casamento, ainda não o sendo, tem já uma parte interessante. Refiro-me naturalmente ao já célebre curso de preparação para o casamento, vulgo, CPC.
Basicamente isto é um sítio onde a noiva obriga o noivo a ir, pois é “conditio sine qua non”, para que a união seja abençoada por Deus, e curioso é verificar que, já aqui, começam as divergência entre os ainda noivos: ele, quase sempre, reconhece mais autoridade ao Notário, ela, julga que o sacerdote os pode ajudar, como se ele tivesse qualquer experiência em matéria de casamento, enfim… .
Porém e dado que o casório é uma festa em que é a noiva quem tem o papel principal, o homem acaba por ceder.

Mas este processo de cedência do noivo à noiva, não se fica por aqui, durante esta fase encantada, também conhecida como antenupcial, o rapaz, cede a todos os desejos da moça. Os dois juntos, bem abraçadinhos, vão comprar o recheio da casa, copos, pratos e essas coisas todas que, uns anos mais tarde, aquando do divórcio vão ter que dividir mas que acabam sempre por ficar com a mulher porque o que ele quer é desaparecer e quanto mais rápido melhor.

Também aqui, embora seja, na teoria um processo de escolha a dois, ele é, na prática, uma decisão unilateral e irrecorrível, sublinho irrecorrível, da moça: se ela acha graça a uns copos dignos de constarem num estábulo, o rapaz não pode, sequer, atrever-se a colocar em causa a sua beleza, só para não ter de ver aquela cara de reprovação para o resto da vida cada vez que tiver sede. Mas o problema, mesmo, é se ela, numa falsa tentativa de dar um carácter democrático à coisa, lhe pergunta a opinião. Aqui o rapaz fica num dilema: se é sincero, nunca mais pode voltar a beber água frente à esposa, se não tiver opinião, ou disser que não se importa com essas coisas, ouvirá um reprovador: “não te interessas por nada, sou sempre eu que tenho de fazer tudo, a pressão está toda em cima de mim…” e outras expressões afins que seria tortuoso aqui elencar. Permitam-me, porém, um parêntesis, para, em defesa da raça, dizer que tal expressão é um acto de puro amor, digno de um príncipe prestes a tornar-se sapo. O que o homem quer significar com tal expressão é simplesmente que todas aquelas coisas, comparadas com a sua amada, não representam nada.

Aliás, deve dizer-se que o conceito de “recheio da casa” masculino se limita (i) à mulher, (ii) a uma catrefada de putos a correr livremente pelo covil, (iii) a um bom frigorífico e (iv) a uma televisão com Sport tv.

Mas o fenómeno mais interessante ocorre mesmo, no dia do casamento, em que o rapaz, metido num fato que provavelmente não vai vestir novamente na vida - a não ser que emigre para Angola e invocando o Direito Natural case mais seis vezes – tem de aguardar uma hora pela noiva, muitas vezes apertado para ir à casa de banho, ouvindo as tias da noiva cochichar: “aí tão feio, não sei como é que a nossa menina se agradou dele, o filho do Manuel talhante, aquele que ela namorou tantos anos, era bem mais bonito, e rico.”!!!
É nesse instante que o noivo pensa: “mas quem c****** é o Manuel talhante” e, num rasgo de lucidez, olha para os amigos (que, neste preciso instante, não conseguem parar de rir da figura do noivo), e pensa em desistir. Mas aí, meus caros, nesse instante já não há nada a fazer, o ponto do não retorno foi ultrapassado, a marcha nupcial já começou e agora, é “até que a morte os separe”.

Face ao exposto só me resta, pois, deixar-vos, um conselho, útil não só para esta, mas para todas as circunstâncias da vida:

Vigiai, meus amigos, vigiai sempre e sem cessar, pois “larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição”… (Mat. 7:13-14).

21 de Março - Dia Internacional da Poesia

terça-feira, março 21, 2006

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de
nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade,
Hoje estou lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida
apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida" (...)


Vale a pena ler aqui o resto do poema...

World Press Foto

terça-feira, março 14, 2006

Jan Grarup, Denmark, Politiken/Rapho.
Kashmir earthquake aftermath.

Deixo uma escolha pessoal e um link para uma visita obrigatória! WorldPressFoto

É preciso ter lata....

quinta-feira, março 09, 2006

Fico parvo com algumas coisas que leio aqui...

Crescei e multiplicai-vos

quarta-feira, março 08, 2006

O comportamento humano é, um tema verdadeiramente apaixonante. E se a questão for de comportamento masculino vs feminino, aí tudo se torna muito mais interessante, permitindo concluir que, afinal, não é tão grande o espaço que nos separa dos nossos antepassados que viviam na caverna.

A leitura de um livro que aborda estas matérias chamou-me a atenção para o assunto. Mas antes de mais um esclarecimento devido: eu sei que é abichanado ler sobre estas coisas, quando se tem a Auto-sport ou a MensHealth nas bancas, mas confesso que estou a precisar de desenvolver a minha habilidade para as relações interpessoais (leia-se, relações com o sexo feminino), pelo que suponho que tal necessidade permite a desculpabilização da pretensa ilicitude com base na figura da “colisão de deveres”. Se não desculpar, que se lixe, devem ser os meus níveis de testosterona que estão em baixo, nada, espero, que uma visita ao zoo não resolva.

Mas deixando os desvarios hormonais de lado e voltando ao tema que me ocupa, o que li no invocado livro mudará, para sempre, a forma como vejo o mundo.

Em primeiro lugar e relativamente ao homem, tem a ver com outro tema já abordado neste espaço e, por sinal, com grande maestria: a bricolage. Relativamente a esta matéria diziam os conceituados autores do citado estudo científico que todo o homem que se preze tem, dentro de si, um canalizador, um electricista, um trolha (e aqui permito-me abrir um parênteses para confirmar o facto e confessar que já dei por mim, numa loja da especialidade, a comprar uma talocha e uma colher de pedreiro) e até profissões para as quais se exigem mais qualificações como seja a de engenheiro electrotécnico. É, aliás, este imperativo genético, que justifica que tentemos abrir o ecrã plasma para solucionar aquele risco que teima em aparecer quanto nos deleitamos com a transmissão em directo, na Eurosport, do campeonato mundial de snoocker, sendo que, quando o voltamos a fechar, nem campeonato, nem snoocker nem coisa nenhuma, só negro...
É o mesmo gene que justifica que, nestas situações, nos dirijamos à loja, chateados, afirmando que aquilo só pode ser defeito do aparelho, que ainda está na garantia, o que, com um pouco de sorte, nos permite poupar cerca de €.2000,00, dispendidos num dia de loucura, pelo dito objecto.

E isto tudo, note-se, porque em tempo idos, a mulher ficava com o rabo na caverna, sabe-se lá a fazer o quê, enquanto o gajo tinha de andar no meio de dinossauros carnívoros a arranjar papinha para a menina e para os filhotes, a maior parte deles não desejados e fruto, apenas, de um dia de loucura. Dada esta necessidade de sobrevivência ficou no sangue dos machos, esta mania do faz tudo, sem ajuda. O problema é que nessa altura, que se saiba, ainda não havia ecrãs plasma... .

Mas se esta vertente do homem já era conhecida, relativamente à mulher confesso que se abriu para mim um inteiro mundo novo.

Pois bem aqui vai: dizia o livro e suponho que com conhecimento de causa, já que um dos autores é uma fêmea dada ao estudo da psicologia, que está cientificamente provado que, o que a mulher procura num homem não é a beleza, não é a compreensão, não é a ternura, nem sequer que o gajo baixe a tampa da sanita. O que bendito ser busca incessantemente é, pura e simplesmente, um macho com quem possa procriar e que lhe dê a estabilidade necessária até que a ninhada siga a sua vida.

Significa isto que tudo o que o homem sabia acerca da psicologia da mulher, se já não era muito e assente em bases muito pouco sólidas, desmoronou-se agora totalmente, que nem a defesa de um qualquer clube pequeno, do género SLB.

Afinal as senhoras não querem alguém com fortuna, carro topo de gama, corpo atlético e, de preferência, meio estúpido, para não as chatear muito. O que elas querem, imagine-se, é um macho para assegurar a prole.
E vão os ilustres autores mais longe afirmando que, afinal, o dinheiro não é, para elas, um fim em si mesmo mas tão só um meio que permite atingir um objectivo: a estabilidade no crescimento das crias. Em acréscimo, diz a mesma fonte, quando a fêmea elogia ou é atraída por um qualquer corpo atlético, tal não se deve a um qualquer conceito de beleza em si, mas tão só porque um corpo assim trabalhado transparece saúde, o que significa que dá mais garantias de uma ninhada saudável.

Afinal a coisa não é tão fútil como pensávamos. É mais profunda e, ainda por cima, elas não têm a culpa porque lhes está no ADN.

Confesso que este estudo me deixa, como macho, mais descansado. Não há que se preocupar com a barriga a crescer, com a alopecia de último grau, ou sequer, em trocar de peúgas todos os dias, porque isso não é importante. O importante é procriar e, por consequência, sustentar a ninhada.
Satisfeito este objectivo, o homem cumpre a missão que o trouxe ao mundo podendo, sem peso na consciência, repousar os seus volumosos abdominais no sofá, de cerveja na mão, saboreando a glória de uma ninhada bem criada.

AKI há gato!

Há não muito tempo, no decurso de um repasto de confraternização, descobri acidentalmente uma faceta absolutamente desconhecida de um amigo... a sua paixão pela bricolage! Todo o Homem (digno da expressão), tem no seu íntimo, uma incessante ânsia e avidez pela capacidade de edificar, de transformar, de criar... A simples actividade de conseguir programar um vídeo para gravar no canal e hora escolhidos (apenas ao alcance de alguns eleitos); acertar o relógio do micro-ondas; ou até ser capaz de montar uma mesa do IKEA sem sequer olhar para as instruções (o meu sueco nunca foi grande coisa mesmo...), é algo apenas comparável à alegria que o homem primitivo deve ter sentido após dominar o fogo com bravura!

Mas voltando ao jantar... quando me apercebi, estava sentado no enclave de uma verdadeira convenção de trolhas! Aquilo é malta com grandes planos! Discutiam-se os planos de reconstrução do Templo do Salomão (deve ser algum templo da Iurd embargado ou o novo Shopping Sonae) e até já tinham um “g’ande Arquitecto” para projectar a obra! Abençoado jantar! É que o meu habitáculo estava em fase de remodelação profunda, e a possibilidade de encontrar alguém de confiança para reparar a fuga de gás que tinha na cozinha, era tentadora demais para conseguir resistir! (nunca é uma questão de competência, apenas de confiança!)

Estudei a mesa percorrendo todos os rostos em busca de um sinal de mestria e clarividência, e optei por interpelar o jovem sentado ao meu lado. Tudo pensado! Iria tratá-lo por “chefe” (sinal de reverência entre a malta da obra), e metia conversa gabando-me do conjunto de chaves sextavada que tinha adquirido no AKI na semana anterior!

Mas inesperadamente... TODOS SE LEVANTAM! Fazem uma saudação imperceptível e começam a vestir um avental! Timidamente... e sem perceber muito bem porquê... estou igualmente de pé... e dou por mim a prender o guardanapo à presilha do cinto... estava completamente fora de jogo... mas foi nesse exacto momento que percebi qual era o motivo daquela reunião! MARISCO! Só pode! Aquilo é malta que deve gostar de dar umas valentes marteladas nos crustáceos, mas naturalmente, ninguém gosta de nódoas!

Desolado... desisti da ideia de arranjar empreiteiro e conformei-me com o meu péssimo sentido de oportunidade... aquilo não é malta de sujar as mãos... e a obra... deve ser feita em outsourcing... modernices!

O Dia da Defesa Nacional

sexta-feira, março 03, 2006

Sou um gajo dado a pesadelos, confesso. Não raras vezes, acordo com suores frios, quentes, e até mornos, sonhando com o Ascensão a perguntar-me, directamente, o que é um acto de comércio; com o Januário a excursar, longamente, (muitas vezes a noite toda) sobre o conceito de baldio e de expropriação, e até com a Fernanda a falar do Kant (Deus guarde a sua alma). A experiência mais próxima de um sonho molhado que alguma vez tive, foi com o Miranda, a discursar, a dois palmos da minha cara sobre a Constituição do Uganda.

Já pensei em recorrer a ajuda mas temo que não tenha remédio. São feridas de guerra, maleitas semelhantes às que aparecem “quando o tempo muda” e com as quais, mais tarde ou mais cedo, se aprende a viver e eu acho que já aprendi.

Sou um gajo dado a pesadelos, dizia, mas nunca imaginei que pudesse sofrer um como o que veio pela caixa do correio esta semana e, pior que tudo, era real.

Recebi uma carta, mas logo que olhei para o remetente confesso que o coração acelerou e não foi da arritmia que teima em não me largar. Era do Ministério da Defesa Nacional. Admito que o primeiro pensamento que tive foi: vou ser condecorado pelo Sampaio! Mas depois pensei melhor. O que é que eu fiz para merecer uma condecoração? Nada. Mas os outros também não fizerem nada, por isso, a esperança manteve-se. Teria sido da árvore que plantei na primária? Mas se bem me lembro secou, quando se tornou moda os canídeos (incluindo os de duas patas) irem lá mijar.

Naahhh, isto deve ser outra coisa, pensei…e era. “Convocamos V.Exa. para o dia da Defesa Nacional….”. Merda, pensei, e eu que julgava estar livre disto. Resumindo: adiei tudo o que tinha a ver com a tropa e quando acabei de estudar esqueci-me deles, provavelmente esperando que também eles me tivessem esquecido, mas não. Com tantos gajos, não podiam esquecer-se de mim…!!

Significa isto que., num dos próximos meses vou ter de ir, com mais uma centena de mancebos (e eu a pensar que já estava mais perto da reforma do que da mancebia quando se recusaram a renovar-me o cartão jovem), a uma base naval qualquer a ouvir falar das virtudes do exército e, imagine-se o bónus, se quiser alistar-me eles recebem-me de braços abertos e até me oferecem um bolo no aniversário. Quero mas é que eles se danem!

Liguei imediatamente para lá, tinha de me livrar daquilo e, além do mais, a minha sensibilidade dizia-me que aquela convocação era mais inconstitucional que uma lei fiscal retroactiva.

Atendeu aquilo que me pareceu ser um espécimen feminino cujo nome já não recordo. Tentei tudo, confesso, “sou imigrante”, “sou cantor pimba”, “tenho os pés chatos” mas nada resultou. Até perguntei se podia objectar de consciência. “Mas não vai à tropa, vai só ver como é que aquilo” dizia a manceba aturdida com a minha insistência. Mas eu sou contra tudo o que tem a ver com tropa, retorqui. Em desespero de casa lancei um “SOU DO BLOCO DE ESQUERDA não tá a ver??”. Mas nada, a soldada (suponho que seja soldada porque os oficiais não devem atender telefonemas dos mancebos) insistiu: “tem de ir e tem de ir e se não for tem penalidades”… e blá blá blá. Aquela mulher é uma verdadeira arma de guerra, uma máquina de matar, não demonstrou um pingo de sentimento – deve ter treino de operações especiais ou comandos, pensei.

Mas não desisti: “olhe, e se por acaso eu estiver doente nesse dia e com atestado e tudo?”. Fez-se silencio, a soldada hesitou um instante, pensou e - “pois, se for assim, não tem de vir, mas depois chamamo-lo outra vez!!!”

Mau…, lembrarem-se de mim uma vez até pode ser um elogio, mas duas vezes é gozo, e como não sou gajo de adiar o inevitável, avancei mais a sério. “Olhe Sra. soldada, e como é que me livro disso de uma vez por todas???” Confesso que estava disposto ao suborno, não pelo montante que oferecerem ao Sá, mas uns maços de tabaco de contrabando que um amigo me arranja.

Resposta da Sra.: “tem uma cunha?” Óbvio, como é que não me lembrei disto antes?

É pois este o motivo destas linhas, preciso de uma “cunha” para me livrar do dia do não sei quantos, em que estou convocado para ver uns barcos velhos e cheios de ferrugem e, sinceramente, não quero ir.

Já tenho pesadelos suficientes, não quero que a próxima personagem dos meus sonhos seja o Paulinho, vestido de marinheiro montado numa traineira cor-de-rosa a acenar-me…. até me arrepio só de pensar!!! A isto jamais sobreviveria.

Se não houver nenhuma “cunha”, deixem, pelo menos, uma ideia quanto à inconstitucionalidade da convocatória porque, em desespero de causa estou decidido a avançar para o Provedor de Justiça e o único argumento que me lembro é o da retroactividade prejudicial ao contribuinte, mas que aqui é capaz de não ser suficiente.

Do fundo do coração, e desde já, o meu mais sincero obrigado.

O Triunfo dos Porcos

quinta-feira, março 02, 2006

Quem ainda não leu esta magnífica obra literária, cujo título original é Animal Farm, brilhantemente redigida por George Orwell (que também escreveu 1984, obra igualmente fascinante), deverá ser atado a um pinheiro de uma qualquer (já escassa) manta florestal portuguesa e apenas ser retirado após o Verão, o que diminuirá, em consequência, consideravelmente as hipóteses de sobrevivência....isto, partindo do pressuposto que o proprietário da floresta não seja nenhum indivíduo que se balde ao fisco e não tenha rendimentos, mas conduza um pópó da Baviera Motor Wagen....vulgo BMW!
Por caso tal aconteça, podem ter a certeza que nem o Inferno de Dante consumiria tal floresta.....passaria ao lado, até, quem sabe, por cima....mas não queimava nem um ninho de qualquer passaroco abandonado (se bem que para eliminar a Gripe das Aves, os alimentos devem ser cozinhados acima dos 70º celsius..)...
Mas isto tudo porquê???
Porque neste país, todos os porcos triunfam, senão vejamos:
  • Algum de vós sabe indicar algum caso/processo judicial em que tenha sido condenado alguém considerado relevante na sociedade???
  • Alguém sabe indicar um clube de futebol que não esteja falido?? Mas nunca chegaram a pagar os impostos....enquanto que o tuga é mais perseguido pelos gajos dos Impostos do que o Brad Pitt pelas mulheres.....
  • Alguém pode, por obséquio, indicar-me um Advogado que tenha fama de honesto??
  • Alguém consegue, em qualquer serviço público em Portugal ser bem atendido e não ter que pagar nada pela"porta do cavalo"?? Sem cunhas???
  • Alguém me poderá indicar o indivíduo(a) que num "honesto" concurso público seja colocado por mérito??
  • Alguém neste país fez fortuna honestamente?? A trabalhar???..... Não brinquem comigo...

Não há verdade mais latente do que a expressa no livro, cujo título me inspirei para esta redacção.... Todos os animais são iguais, mas há uns mais iguais que outros...
Todas as "estórias" têm um fim....mas enquanto esta não finda...questiono.... será que vale a pena ser um porco??.....é que às vezes parece....

Contingências da vida

Há coisas que passeiam pelo nosso subconsciente, e por vezes, quando reencontramos expressões familiares, temos aquela sensação “déjà vu”... Recentemente esbarrei na comummente utilizada terminologia “Contingente especial”! Este “genre”, aplica-se aos mais variados sectores, mas por ora, vamos cingir-nos ao caso do acesso ao ensino superior em Portugal. De facto, está legalmente consagrada a existência de contingente dito especial para: candidatos oriundos dos Açores e da Madeira; emigrantes portugueses e familiares que com eles residam(até pode ser o gato da família); militares e portadores de deficiência física ou sensorial.
Acrescem ainda, as vagas e benesses dos próprios estabelecimentos de ensino superior destinadas aos Palops, pilotos de F-16 da Força Aérea, presidentes de Junta, atletas de alta competição, dirigentes associativos, exímios jogadores de matrecos e sueca (conhecimento de causa), entre outros...
Assim sendo, pode concluir-se o seguinte: existe uma verdadeira “Lei Bosman” no ensino português, e está legal e cientificamente comprovada a existência de um nexo de causalidade entre, o Q.I. de um indivíduo, e o seu local de nascença!

Mas afinal, quem “caiu” no Contingente geral??? (é aqui que entra o sério trabalho de investigação jornalística). Por motivos de decoro e confidencialidade, optou-se por não revelar os nomes dos 3 visados, a saber:
- A filha da D. Lurdes do 3º esq. - Motivo de exclusão do Contigente especial: erro no preenchimento dos impressos de candidatura... escreveu “portuguesa” no campo de preenchimento relativo à “Naturalidade” (erro clássico);
- Jovem de 34 anos, oriundo do Uzbequistão, cujo processo de descoberta da sua linhagem de ascendência minhota, continua inexplicavelmente, pendente de confirmação;
- Um promissor jovem artista, penúltimo classificado no festival regional de canto coral de Torres Vedras - Motivo de exclusão do Contigente especial: acusou a presença de nandrolona num exame surpresa.

Sejamos pragmáticos, em rigor, as únicas ideias dignas de realce que a Humanidade teve nas últimas décadas, resumem-se à invenção da direcção assistida e do auto-rádio com leitor de mp3... e mesmo aqui, o mérito deve ir direitinho para um qualquer incógnito asiático! O conceito de justiça distributiva, é uma utopia subvertida! O nosso legislador positiva a igualdade de forma incansável, mas persiste em ignorar a capacidade e engenho do Tuga, que apenas peca por ter excesso de imaginação!

Em jeito de conclusão, proponho que nos deixemos de eufemismos! E em substituição da expressão “Contingente especial”, porque não chamar “Gente especial”?!