Crescei e multiplicai-vos

quarta-feira, março 08, 2006

O comportamento humano é, um tema verdadeiramente apaixonante. E se a questão for de comportamento masculino vs feminino, aí tudo se torna muito mais interessante, permitindo concluir que, afinal, não é tão grande o espaço que nos separa dos nossos antepassados que viviam na caverna.

A leitura de um livro que aborda estas matérias chamou-me a atenção para o assunto. Mas antes de mais um esclarecimento devido: eu sei que é abichanado ler sobre estas coisas, quando se tem a Auto-sport ou a MensHealth nas bancas, mas confesso que estou a precisar de desenvolver a minha habilidade para as relações interpessoais (leia-se, relações com o sexo feminino), pelo que suponho que tal necessidade permite a desculpabilização da pretensa ilicitude com base na figura da “colisão de deveres”. Se não desculpar, que se lixe, devem ser os meus níveis de testosterona que estão em baixo, nada, espero, que uma visita ao zoo não resolva.

Mas deixando os desvarios hormonais de lado e voltando ao tema que me ocupa, o que li no invocado livro mudará, para sempre, a forma como vejo o mundo.

Em primeiro lugar e relativamente ao homem, tem a ver com outro tema já abordado neste espaço e, por sinal, com grande maestria: a bricolage. Relativamente a esta matéria diziam os conceituados autores do citado estudo científico que todo o homem que se preze tem, dentro de si, um canalizador, um electricista, um trolha (e aqui permito-me abrir um parênteses para confirmar o facto e confessar que já dei por mim, numa loja da especialidade, a comprar uma talocha e uma colher de pedreiro) e até profissões para as quais se exigem mais qualificações como seja a de engenheiro electrotécnico. É, aliás, este imperativo genético, que justifica que tentemos abrir o ecrã plasma para solucionar aquele risco que teima em aparecer quanto nos deleitamos com a transmissão em directo, na Eurosport, do campeonato mundial de snoocker, sendo que, quando o voltamos a fechar, nem campeonato, nem snoocker nem coisa nenhuma, só negro...
É o mesmo gene que justifica que, nestas situações, nos dirijamos à loja, chateados, afirmando que aquilo só pode ser defeito do aparelho, que ainda está na garantia, o que, com um pouco de sorte, nos permite poupar cerca de €.2000,00, dispendidos num dia de loucura, pelo dito objecto.

E isto tudo, note-se, porque em tempo idos, a mulher ficava com o rabo na caverna, sabe-se lá a fazer o quê, enquanto o gajo tinha de andar no meio de dinossauros carnívoros a arranjar papinha para a menina e para os filhotes, a maior parte deles não desejados e fruto, apenas, de um dia de loucura. Dada esta necessidade de sobrevivência ficou no sangue dos machos, esta mania do faz tudo, sem ajuda. O problema é que nessa altura, que se saiba, ainda não havia ecrãs plasma... .

Mas se esta vertente do homem já era conhecida, relativamente à mulher confesso que se abriu para mim um inteiro mundo novo.

Pois bem aqui vai: dizia o livro e suponho que com conhecimento de causa, já que um dos autores é uma fêmea dada ao estudo da psicologia, que está cientificamente provado que, o que a mulher procura num homem não é a beleza, não é a compreensão, não é a ternura, nem sequer que o gajo baixe a tampa da sanita. O que bendito ser busca incessantemente é, pura e simplesmente, um macho com quem possa procriar e que lhe dê a estabilidade necessária até que a ninhada siga a sua vida.

Significa isto que tudo o que o homem sabia acerca da psicologia da mulher, se já não era muito e assente em bases muito pouco sólidas, desmoronou-se agora totalmente, que nem a defesa de um qualquer clube pequeno, do género SLB.

Afinal as senhoras não querem alguém com fortuna, carro topo de gama, corpo atlético e, de preferência, meio estúpido, para não as chatear muito. O que elas querem, imagine-se, é um macho para assegurar a prole.
E vão os ilustres autores mais longe afirmando que, afinal, o dinheiro não é, para elas, um fim em si mesmo mas tão só um meio que permite atingir um objectivo: a estabilidade no crescimento das crias. Em acréscimo, diz a mesma fonte, quando a fêmea elogia ou é atraída por um qualquer corpo atlético, tal não se deve a um qualquer conceito de beleza em si, mas tão só porque um corpo assim trabalhado transparece saúde, o que significa que dá mais garantias de uma ninhada saudável.

Afinal a coisa não é tão fútil como pensávamos. É mais profunda e, ainda por cima, elas não têm a culpa porque lhes está no ADN.

Confesso que este estudo me deixa, como macho, mais descansado. Não há que se preocupar com a barriga a crescer, com a alopecia de último grau, ou sequer, em trocar de peúgas todos os dias, porque isso não é importante. O importante é procriar e, por consequência, sustentar a ninhada.
Satisfeito este objectivo, o homem cumpre a missão que o trouxe ao mundo podendo, sem peso na consciência, repousar os seus volumosos abdominais no sofá, de cerveja na mão, saboreando a glória de uma ninhada bem criada.

Comments

2 Responses to “Crescei e multiplicai-vos”
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Claw disse...

Como é que podemos ser tão cegos... e as respostas ... mesmo aqui à mão de semear... enfim!

Resoluções com efeitos imediatos:
1- colocar o porsche boxster à venda no Miau e no Jornal Ocasião(não vou cá pagar comissões a stand's de 3ª categoria);
2- bordar autolocantes da Milupa no blusão de cabedal (dá um look de pai de família);
3- investir em certificados de aforro (o único investimento realmente seguro);
4- grunhir violentamente aos restantes machos para proteger a área de caça.

Será suficiente Dr.?

5:33 da tarde

Ilustre

Não tenho uma resposta definitiva para a sua questão na medida em que me limito a transmitir informação que consta de bibliografia especializada.

O melhor que posso fazer nesta matéria é aconselhar-lhe o manuscrito.

Porém, e apenas e tão só pelo estudo efectuado, já que, como V.Exa. sabe, não falo com conhecimento de causa, as medidas propostas por V.Exa. parecem-me adequadas

Só um reparo: se o seu objectivo é proteger a fêmea, eu substituiria o grunhir pelo urinar abundante.

Se tiver mais questões sobre esta matéria sugiro que as remeta para a revista Maria que lá, certamente, lhe responderão com base em opiniões mais autorizadas.

Espero ter ajudado.

5:44 da tarde